sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Consciência (Charlie S. Dias)

Desde pequenos que Derick, a irmã e a amiga River são amigos inseparáveis. Mas uma separação forçada leva-os a novos pensamentos e à descoberta de novas relações. Os irmãos parecem fechar-se em si mesmos, enquanto River encontra no mundo digital o refúgio de que precisa. E quando o tempo passa  e o reencontro finalmente surge, nenhum deles é já o mesmo e uma nova amizade - que aspira a ser algo mais - intromete-se na tranquilidade do trio. O afecto torna-se amor não correspondido, e esse transforma-se em mágoa. E, no momento em que a vida se torna demasiado pesada, só uma estranha peregrinação poderá lançar sobre a vida uma nova luz.
Relativamente breve, e porém abrangendo um vasto período de tempo, uma das primeiras impressões que este livro desperta é a de que facilmente se poderia ter expandido para uma história muito maior. As relações entre os protagonistas, a forma como lidam com a separação, a própria viagem de Derick na fase mais avançada do enredo... tudo isto poderia ter sido muito mais elaborado. Assim sendo, é inevitável uma certa sensação de curiosidade insatisfeita. Mas há também uma contrapartida. É que, pese embora o que fica por contar, o essencial está lá - e esse é mais do que suficiente para cativar. 
Sendo que grande parte da história se centra na relação entre os três amigos, bem como na descoberta de novas relações, pode dizer-se que esta é, acima de tudo, uma jornada de crescimento. E é neste aspecto que surge o lado mais interessante deste pequeno livro: o facto de, apesar da brevidade, ser perfeitamente possível reconhecer os pontos essenciais deste percurso. Os factores que abalam uma amizade, a descoberta de relações mais profundas, a chegada à vida adulta e a sensação de não se estar preparado... tudo isto surge, de certo modo, ao longo da história. E, simpatize-se ou não com a posição das personagens, é fácil reconhecer pontos em comum com a realidade. 
Se o aspecto emocional é fácil de assimilar, já ao nível dos acontecimentos nem sempre é fácil acompanhar o passo das personagens. Talvez também devido à brevidade, há aspectos que parecem ser um pouco confusos, sobretudo na fase inicial. Após a entrada em cena de Consciência, contudo, a história parece fluir com mais naturalidade e, em consequência, o ritmo torna-se bastante mais envolvente.
No fim, a impressão que fica é a de uma viagem por vezes atribulada, mas sempre cativante e com uma visão muito interessante da jornada em direcção à idade adulta. Haveria mais para contar? Certamente. Mas o essencial está lá... e isso basta. Gostei. 

Título: Consciência
Autor: Charlie S. Dias
Origem: Recebido para crítica

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