segunda-feira, 16 de março de 2015

Mindfulness (Oli Doyle)

Lamentar o passado e preocupar-se com o futuro podem parecer factos inevitáveis da vida, mas, na verdade, são apenas pensamentos com que a mente nos impede de nos concentramos no presente e, dessa forma, numa vida mais tranquila e feliz. É esta, resumidamente, a ideia fundamental na base deste guia que, com uns quantos exercícios práticos, mas principalmente com a exposição de uma forma de encarar a vida, pretende orientar o leitor no sentido de uma vida focada no presente e menos nas ilusões inspiradas pelo pensamento.
Um dos aspectos mais interessantes deste livro é que, contrariamente a muitos livros do género, não apresenta uma linha bem definida de passos a seguir, mas antes um conjunto de orientações mais gerais. Assim, o que acontece é que não fica a impressão de uma ideia demasiado fácil - como acontece nalguns casos - mas antes o de uma filosofia de vida que, exigindo alguns passos fundamentais, se adapta, ainda assim, em grande medida, ao percurso pessoal de cada um.
Isto dá forma a um conjunto de ideias bastante interessantes e facilmente reconhecíveis. É fácil evocar um momento em que nos perdemos a pensar que devíamos ter feito alguma coisa de forma diferente ou a ponderar nas múltiplas dificuldades que espreitam de um futuro muito próximo. Assim, e independentemente de uma maior ou menor adesão ao método como um todo, há neste livro uma perspectiva bastante válida e fácil de compreender.
Mas, ainda que as ideias na base do livro sejam bastante simples e expostas num registo bastante acessível, fica, em certa medida, a impressão de ser apenas um princípio. Talvez porque, por mais abrangentes que sejam as ideias centrais, haja um aspecto particular na vida de cada um que tem, inevitavelmente, de ter sido em conta, ou talvez pela tal diferença entre presente, passado e futuro e os pensamentos e emoções que lhe estão associados, ficam algumas questões em aberto, principalmente no que à questão das emoções diz respeito. É que, principalmente se aplicada a acontecimentos bastante dolorosos, a forma de ver as coisas segundo o método da consciência plena parece, por vezes, demasiado indiferente, o que talvez não seja bem o objectivo.
Trata-se, portanto, de um livro que pretende ser, acima de tudo, um guia para uma forma diferente de enfrentar a vida, e que, de forma acessível e cativante, apresenta um conjunto de fundamentos interessantes para o método que pretende desenvolver. Não dá todas as respostas, é certo. Mas não deixa de ser um interessante ponto de partida.

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