sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Perdition (Ann Aguirre)

Perdition é um lugar de violência. E, sendo a prisão flutuante onde os piores criminosos são encarcerados para o resto da vida, é também um lugar de desespero. Sem guardas e com muito poucas regras, tornou-se um território em disputa entre diferentes líderes, numa guerra sem tréguas. Dresdemona Devos é uma das rainhas do lugar e o seu território é ligeiramente mais civilizado que os restantes, o que desperta nos outros líderes todo o interesse em desafiá-la. Mas, enquanto se constroem planos de defesa e ideias para possíveis alianças, a melhor arma de Dred – e talvez a mais perigosa – entra na sua vida. Jael, recentemente chegado à prisão, tem capacidades inigualáveis, mas também grandes demónios a combater. Além disso, acreditar na lealdade de alguém num lugar como Perdition é sempre uma escolha arriscada.
Apesar de estar relacionada com a série Sirantha Jax, esta nova aventura começa brilhantemente uma nova história. Ainda que Jael seja uma personagem da outra série, e apesar das ocasionais referências à sua ligação com Jax, não é necessário ler a série anterior para compreender esta. O cenário é fácil de assimilar, o mesmo acontecendo com as personagens e as relações estabelecidas. É certo que ler este livro desperta curiosidade para o que aconteceu antes, mas o facto é que a história vive perfeitamente por si própria.
Com todo o enredo a decorrer num cenário de confinamento e violência, um dos aspectos mais interessantes nesta história é a forma como conjuga o melhor e o pior da humanidade. Os condenados de Perdition são igualmente capazes de traição e assassínio ou de auto-sacrifício e de lealdade. Isto é uma boa parte do que torna este mundo fascinante. A corte de Dred é feita de criminosos, mas de criminosos que, de facto, acreditam na sua lenda. O delicado equilíbrio na construção das interacções entre a rainha e os seus súbditos dá forma a uma corte que encaixa perfeitamente no cenário de desolação em que se situa, mas que se revela mais complexa e mais humana do que, à primeira vista, seria de esperar.
Quanto aos protagonistas, tanto Dred como Jael têm algo de fascinante. Jael, com a história do seu passado e a natureza da sua criação, luta contra o demónio da diferença e conquista um lugar no coração do leitor ao descobrir o seu lugar no mais sombrio dos cenários. E, quanto a Dred, o equilíbrio entre a lenda e a sua verdadeira natureza revela um carisma e uma determinação especialmente admiráveis tendo em conta as suas circunstâncias.
Assim, com um cenário impressionante e um conjunto de personagens fortes, Perdition surge como um muito bom início para uma série repleta de potencial. Com acção constante, a medida certa de humor e um toque de emoção que torna as personagens mais humanas, vale a pena, definitivamente, ler este livro. Recomendo.

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