sexta-feira, 4 de abril de 2014

Acredita e Vencerás (Laura Karvell)

Depois dos anos passados a estudar Medicina em Coimbra, Manuel regressa à aldeia das Flores para rever a família e decidir que rumo tomará agora que terminou o curso. Mas não espera encontrar aí o amor da sua vida. Num encontro inesperado, Manuel conhece Suzana e a atracção é mútua. E imediata. Mas, entre as sombras do passado e uma vida que mal acaba de começar, há barreiras e vivências que o separam. E, enquanto ambos procuram um caminho para o futuro, há perigos e dúvidas a surgir, e é possível que o amor tenha de esperar.
Marcando a estreia literária de Laura Karvell, Acredita e Vencerás é um livro que, apresentando forças e fragilidades, desperta, por vezes, sentimentos ambíguos, ainda que sem nunca deixar de ser uma leitura agradável. Aliás, um dos primeiros pontos fortes é precisamente o ritmo cativante de uma escrita que, apesar da relativa simplicidade, acaba por prender.
Também bastante interessante neste livro é a forma como a autora cruza os caminhos de personagens oriundas de diferentes meios, traçando algumas linhas relevantes relativamente às diferenças culturais. As características que separam a vida da província da vida da cidade, e mesmo a de Portugal da dos que vivem no estrangeiro, são um dos elementos mais interessantes desta história, mesmo quando surgem de forma discreta. Além disso, a estas diferenças entre as vidas e o ambiente em que se movem as personagens, junta-se o que as aproxima e, neste aspecto, há um conjunto de momentos particularmente interessantes, que contribuem em muito para manter a envolvência do enredo.
Quanto às fragilidades, derivam, em grande medida, da impressão de que quer a caracterização das personagens, quer os acontecimentos, poderiam, por vezes, ter sido mais desenvolvidos. Situações mais intensas como o rapto, ou aparentes mudanças de comportamento, como no caso de Suzana, sobressaem como os elementos de maior tensão da história, mas tudo parece acontecer muito depressa. E, além disso, ao acompanhar os pontos de vista das várias figuras relevantes (não só Manuel e Suzana, mas também Rita e Tony, além de um núcleo de personagens secundárias, mas importantes) cria-se uma certa dispersão, pelo que um maior desenvolvimento das situações poderia ter tornado mais marcantes os pontos mais intensos da narrativa.
O que fica então deste livro é a ideia de uma história que, longe de ser perfeita, não deixa de ter bastante potencial. E que, mesmo desenvolvida de forma algo sucinta, não deixa de ser uma leitura envolvente, com alguns momentos surpreendentes e emoção quanto baste. Agradável e interessante, em suma. Gostei.

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