sábado, 26 de abril de 2014

A Informacionista (Taylor Stevens)

Altamente eficaz e com um conjunto de capacidades que lhe permite obter qualquer tipo de informação mesmo nos cenários mais complicados, Vanessa Michael Munroe tem como clientes várias entidades poderosas. Mas a missão que Richard Burbank lhe propõe, de descobrir o paradeiro da filha desaparecida, está bem longe do que considera ser a sua área de especialidade. Para descobrir o paradeiro de Emily, Munroe terá de regressar ao único lugar a que verdadeiramente chamou casa, origem também de todos os seus demónios, e seguir pistas que a encaminham para situações perigosas. Mas o pior é que não lhe contaram a história toda. E, à medida que se aproxima da verdade, fica mais perto também o risco de nunca regressar...
Uma das primeiras coisas a surpreender neste livro, e principalmente na fase inicial, é que o ritmo dos acontecimentos é bastante mais pausado do que se espera, à partida, de um livro deste género. Isto acontece, em primeiro lugar, porque a história se faz tanto do mistério do desaparecimento de Emily Burbank como do enigma que é a própria protagonista, com os acontecimentos do passado a definirem a sua forma de ser. Assim, há todo uma base de contextualização, principalmente do passado de Munroe, mas também do conhecimento que é necessário à aceitação da missão, que tem de ser apresentada, o que abranda um pouco o ritmo dos acontecimentos. Além disso, a especialidade de Munroe é a recolha de informação, e não propriamente o conflito, pelo que a definição da estratégia é tão relevante como a acção propriamente dita.
Ainda assim, e apesar do ritmo mais pausado, há sempre algo de intrigante ou de surpreendente a manter a envolvência do enredo. O passado de Munroe, associado às suas peculiaridades, revelam uma personagem complexa, com demónios interiores que facilmente despertam alguma empatia, mas em que a força se ergue acima das vulnerabilidades. Além disso, com a evolução dos acontecimentos no sentido da concretização dos planos, aumentam os perigos e, consequentemente, a intensidade da acção. E é a partir deste ponto que a história se torna realmente viciante.
Há ainda um outro ponto surpreendente, ainda que de presença discreta, tendo em conta tanto a personalidade da protagonista como as circunstâncias em que se encontra. É que, entre a fúria resultante dos demónios do passado (e de algumas situações presentes) e a concentração aparentemente inabalável que Munroe coloca na sua missão, surgem, pontualmente, momentos de humanidade, por vezes, nas circunstâncias mais inesperadas. Momentos esses que, além de acrescentarem um muito agradável toque de emoção, tornam mais completa a caracterização da protagonista, porque revelam a natureza do seu lado humano.
De ritmo relativamente pausado, mas com uma história sempre envolvente, este é, portanto, um livro que cativa tanto pela resolução do mistério e pelos momentos de acção como pela força e pelas sombras da protagonista. Muito bom.

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