sábado, 22 de fevereiro de 2014

Cartas a um Jovem Jornalista (Juan Luis Cebrián)

Dirigidas a um jovem que aspira a ser jornalista, estas são cartas que, mais que conselhos, que o autor não pretende dar, se definem como uma reflexão sobre os parâmetros essenciais do jornalismo e as mudanças neste meio operadas. A liberdade de expressão e o segredo profissional juntam-se a temas como a evolução dos meios de comunicação e o direito à privacidade, sempre desenvolvidos num tom de proximidade, quase de confidência, mas nem por isso menos esclarecedor. Aliás, é esse, precisamente, o grande ponto forte deste livro.
Com pouco mais de cem páginas e em forma epistolar, este é um livro aparentemente simples. As palavras são simples, apesar de alguns laivos de poesia, todas as cartas se resumem a poucas páginas e os conceitos são desenvolvidos de forma relativamente sucinta (tem em conta todo o seu potencial de discussão). Esta simplicidade, associada ao tom pessoal das cartas, desperta curiosidade e torna a leitura mais acessível, pois torna mais claras as ideias que contém. 
Mas a esta acessibilidade de forma está associada toda uma vastidão de ideias e, nesse aspecto, há muito material a considerar. Os temas são, todos eles, vastos e pertinentes, quer digam respeito a direitos e deveres dos jornalistas, quer se centrem na evolução dos meios, quer ainda considerem o que é ou não notícia. De todas as questões abordadas, muito fica para reflectir, independentemente de se concordar ou não com todas as ideias do autor. Além disso, do conjunto de todos estes temas, fica-se com uma ideia muito clara dos muitos aspectos importantes que envolvem a carreira de jornalista.
No desenvolvimento de alguns dos temas, transparece uma outra questão, que é o facto de este livro já ter sido escrito há alguns anos. Isto é particularmente evidente na abordagem que o autor faz aos desenvolvimentos da era digital, fazendo previsões mais ou menos acertadas, de um futuro que, em alguns aspectos, já chegou. Fica, assim, neste aspecto, a impressão de uma perspectiva mais antiga, que não deixa de ser interessante, mas cujo cerne, com a passagem do tempo, se tornou diferente.
O que há a reter, no final desta leitura, é, essencialmente, um conjunto de ideias relevantes que, juntas, transmitem uma perspectiva esclarecedora - e independentemente do que mudou desde o tempo de escrita - de vários aspectos do jornalismo. De leitura agradável e abordando várias questões pertinentes, trata-se, pois, de um livro breve, mas muito interessante.

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