segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Inferno no Vaticano (Flávio Capuleto)

A descoberta de um morto na Sala das Relíquias, em pleno coração do Vaticano, lança o mistério sobre a cidade eterna. Para o resolver, Luís Borges, detective privado do Papa, é chamado a intervir. Mas a situação é muito mais que um crime isolado. Há um segredo escondido debaixo da terra, algo tão vasto que é capaz de elevar o conflito entre conservadores e reformistas a um nível completamente novo. Diferentes facções - e as respectivas sociedades secretas - opõem argumentos e acções. E, entretanto, novos crimes vão sendo cometidos. Mas novas pistas vão também surgindo...
Com uns quantos pontos fortes e algumas fragilidades, este é um livro que deixa sentimentos ambíguos, principalmente porque os aspectos bons bastam para tornar a história interessante, mas é, ainda assim, difícil ignorar o restante. Mas começando pelos pontos fortes, sobressaem dois aspectos.
Sendo um livro relativamente breve, e escrito em capítulos curtos, a leitura nunca se torna penosa. Além disso, ao seguir diferentes personagens e as suas respectivas acções, cria-se uma certa medida de mistério que mantém viva a curiosidade em saber mais. Este é, definitivamente, um dos pontos mais positivos. O outro diz respeito a um conjunto de história e de mensagem que, no geral, são bastante positivos. Toda a questão da intervenção ou não da Igreja em aspectos financeiros, ainda que abordada com relativa brevidade, abre portas a algo de reflexão, e a mensagem subjacente é claramente positiva. E quanto à história propriamente dita, há uma linha geral que, com uma certa leveza e um ou outro momento surpreendente, não deixa de ser cativante e agradável.
Também as fragilidades se prendem essencialmente com dois pontos. O primeiro é um estranho contraste a nível de escrita, em que a narração é bastante simples e os diálogos algo mais elaborados, servindo até de forma dominante de transmitir informação.. Esta conjugação causa alguma estranheza, pois - e tendo em conta que há muito diálogo no desenvolvimento da narrativa - várias das conversações acabam por soar forçadas.
O outro ponto fraco é uma conclusão que deixa muitas questões em aberto. O mistério e a tensão das grandes revelações - dos crimes, mas também das resoluções relativas ao tesouro - acabam por culminar num final um pouco abrupto e em que muito fica sem resposta. Fica, pois, a impressão de que mais haveria para dizer sobre esta história - e, principalmente, sobre as questões que lhe servem de base.
A impressão que fica é, por isso, a de uma história que poderia ter sido bastante mais complexa, mas que tem, apesar disso, os seus momentos interessantes. Por isso, e apesar dos aspectos menos bons, não deixa de ser uma leitura envolvente, leve e agradável quanto baste.

1 comentário:

  1. Está visto que é moda que veio para ficar: Dan Brown, José Rodrigues dos Santos e agora Flávio Capuleto (estes os que eu sei, porque deve haver outros). Dan Brown já li (todos ou quase todos) e gosto uns mais que outros, claro; José Rodrigues dos Santos, não consegui passar do primeiro capitulo de um deles (má vontade? posso sempre tentar e insistir), Flávio Capuleto ainda não experimentei... mas pela sua critica parece-me que será bom de ler...

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