segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Divina por Engano (P.C. Cast)

Shannon Parker tem um fraquinho por antiguidades, mas está longe de imaginar que uma visita a um leilão irá mudar a sua vida. Atraída, desde o primeiro momento, para um jarrão com a imagem de uma mulher incrivelmente parecida com ela, Shannon acaba, após algumas atribulações, por ser a feliz compradora. Mas, no regresso a casa, uma tempestade provoca um acidente e o jarrão transporta-a para outro mundo. Aí, Shannon vê-se na pele da Dama Rhiannon, Sumo-Sacerdotisa e Amada da deusa Eponina. Dona e senhora de tudo o que a rodeia, Shannon tem, ainda assim, muitas dificuldades pela frente. Para começar, está vinculada a um casamento ritual que não pode recusar. E, como se não lhe bastassem as peculiaridades de um novo mundo - e um novo marido - para assimilar, há um perigo que se aproxima. E que só ela pode enfrentar.
Narrado na primeira pessoa por uma protagonista que, apesar dos seus supostos trinta e cinco anos, se destaca por alguns comportamentos bizarros, este é um livro que cativa, em primeiro lugar, pela estranheza algo divertida do comportamento da protagonista. Divertida, porque as referências e comentários peculiares de Shannon, ao narrar a sua história, conseguem ser, por vezes, bastante certeiros, introduzindo também uma agradável leveza no registo da narrativa. Com algo de estranheza, porque é difícil, por vezes, associar à protagonista a maturidade que se espera de alguém da sua idade.
Apesar disto, e depois de superada a estranheza inicial, a história consegue ser bastante envolvente. A caracterização de Partholon tem vários elementos interessantes, sendo de destacar a associação às deusas e as diferenças - e semelhanças - entre centauros, humanos e Fomorianos. Além disso, a introdução de um elemento de perigo, que se vai tornando gradualmente mais intenso, cria para a evolução do enredo uma aura progressivamente mais sombria, que contrasta com a tal leveza dos momentos mais divertidos - e até da voz narrativa de Shannon.
Este contraste entre a leveza geral dos acontecimentos e a situação cada vez mais negra que envolve Partholon, reflecte-se também no desenvolvimento das personagens, que, inicialmente definidas mais pelos seus comportamentos mais caricatos, acabam por evoluir para personalidades mais completas. Isto aplica-se tanto a Shannon como àqueles que a rodeiam, e a forma como o enredo evolui acaba por despertar também algo de crescimento nas personagens. Sem nunca perder o humor, o que acaba por ser, também, particularmente cativante.
E depois há o romance, que, não sendo particularmente imprevisível, tem, ainda assim, as medidas certas de empatia e de emoção, desenvolvendo-se num bom equilíbrio com os outros elementos do enredo.
Envolvente e divertido, este é, portanto, um livro que, apesar da estranheza inicial, acaba por cativar e entreter. E até, nalguns momentos, por surpreender. Fica, pois, a curiosidade em saber mais sobre este mundo e sobre os seus tão peculiares habitantes.

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