quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Cartas da Nossa Paixão (Karen Kingsbury)

Ellie Tucker e Nolan Cook são amigos desde sempre. E, ainda que nunca o tenham dito com toda a sinceridade, o que sentem pelo outro é bastante mais. Mas, aos quinze anos de vida, a inocência e o sonho de ambos está prestes a quebrar. Uma noite, a mãe de Ellie chega a casa com a notícia de que está grávida de outro homem. Em resposta, a decisão do pai é inexorável. Têm de partir, à pressa e deixando tudo para trás. Para Ellie e Nolan a perda é insuportável. Resta-lhes um último gesto, o de deixar duas cartas enterradas sob o lugar que sempre partilharam, e a promessa de uma última oportunidade, num regresso marcado para onze anos depois. Mas o tempo passa, o contacto perde-se. E, à medida que essa data se aproxima, Ellie e Nolan vêem o quanto as suas vidas mudaram... e questionam a validade dessa oportunidade final.
Este é um livro que vive, em grande medida, das emoções que provoca. Quer nos dramas familiares, quer no romance atribulado entre os protagonistas, há espaço para vários momentos intensos, e a autora escreve-os de forma particularmente comovente. Além disso, e apesar de alguns comportamentos mais difíceis de compreender, as personagens têm muito na sua história capaz de gerar empatia, o que mantém viva a curiosidade em saber de que forma evoluirá o seu percurso.
Um outro aspecto interessante é a constante presença das questões de culpa e de perdão, principalmente no que toca à história dos pais de Ellie. A atribuição de culpas e a desresponsabilização surgem sob muitas formas ao longo do enredo e, além de serem, por vezes, a base de alguns momentos fortes, levam a reflectir sobre as verdadeiras complexidades do que é a vida familiar - e dos conflitos e reconciliações que, necessariamente, envolve.
O que me leva a um outro ponto: as questões de fé. Sendo um elemento de base neste livro - tal como em Dois Anos e Uma Eternidade - é, à partida, de esperar que elementos associados a um sistema de crenças - oração, pecado e redenção, a visita à igreja ou até mesmo as questões de valores - estejam presentes ao longo da história. Ainda assim, este é um aspecto que, por vezes, se torna um pouco excessivo, principalmente quando a fé de uma personagem se torna elemento base da sua caracterização. Esta presença constante da fé - e da crença no poder da oração - deixa a impressão de que alguns momentos se tornam forçados. Ainda assim, o impacto emocional da história e a envolvência da escrita compensam bem estes momentos.
A impressão que fica, é, então, a de uma história cativante e agradável, um pouco exaustiva nas questões de fé, mas com uma base interessante e alguns momentos particularmente comoventes. Gostei, portanto.

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