domingo, 11 de agosto de 2013

Engtiae - Parte I - Escapatória (Maria Mafalda Fernando)

Ealin cresceu em reclusão na casa Navrael, um lugar de regras rígidas onde jovens são educadas para desenvolver os seus poderes peculiares. Esse lugar nunca foi uma casa para Ealin, que sempre sentiu em si a vontade de descobrir uma saída para o mundo exterior, que, apesar de lhe terem dito que era de escuro e devastação, sempre quis conhecer. Mas a fuga será apenas o início. Há uma voz no seu pensamento que lhe parece atribuir responsabilidades que Ealin desconhece. E a cada novo passo que dá, a cada novo encontro, o seu caminho parece ser rumo a algo maior. Confusa e insegura, Ealin parece, ainda assim, destinada a grandes feitos - e a grandes dificuldades.
Narrado na primeira pessoa e com uma história rica em aventuras, este livro apresenta um mundo em que é fácil entrar. A escrita é bastante directa, com a descrição e a contextualização necessárias, mas sem se tornar maçadora, e o ritmo da narração é também bastante envolvente. Além disso, ao ser contada do ponto de vista da protagonista, há, desde logo, uma perspectiva mais próxima das coisas, o que facilita a empatia.
Esta perspectiva pessoal das coisas tem as suas limitações, nomeadamente quando Ealin parte de um lugar, deixando pessoas para trás ou quando se separa dos seus companheiros. Nesses momentos, fica alguma curiosidade em saber o que mais aconteceu a essas personagens ou o que está a acontecer longe de Ealin. Ainda assim, e até ao ponto onde esta primeira parte termina, essa informação em falta, ainda que possivelmente interessante, não é absolutamente essencial ao enredo. Além disso, a narração na primeira pessoa tem ainda uma outra vantagem, a de permitir ver as outras personagens pelos olhos de Ealin e, assim, conhecer os seus sentimentos relativamente a elas.
Relativamente ao mundo onde decorre a história, há muitos elementos interessantes e ainda potencial para muito mais, até porque, sendo este apenas um primeiro volume, ficam ainda muitas questões em aberto. Poderia, talvez, ter sido revelado um pouco mais sobre alguns aspectos, como, por exemplo, o objectivo da casa Navrael, mas o desvendar gradual de alguns dos muitos segredos presentes cria uma área de mistério que contribui também para manter a envolvência do enredo.
De leitura agradável, com personagens interessantes e um ambiente de vasto potencial, este é, pois, um início muito promissor para uma aventura ainda com muitas possibilidades a explorar. Uma boa história, portanto, e uma leitura cativante. Gostei.

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