quinta-feira, 29 de agosto de 2013

As Mulheres de Summerset Abbey (T.J. Brown)

Prudence Tate viveu durante anos na companhia das irmãs Buxton, educada, segundo a vontade do pai delas, Sir Philip, para ser uma irmã para elas. Mas, agora que o seu protector morreu, a vida de Prudence vai mudar. Lorde Summerset não está interessado em acolher como convidada uma rapariga que considera inferior e, por isso, a única forma que Rowena, a mais velha das irmãs, encontra de levar Prudence consigo, é indicá-la ao tio como sendo a criada pessoal que partilha com Victoria. O objectivo é que essa seja uma solução temporária. Mas o choque da chegada a Summerset Abbey cedo se transforma em rotina e, enquanto as irmãs Buxton se adaptam às suas novas vidas, Prudence compreende que a situação não é tão temporária assim. E, apesar de ser filha de uma governanta e razão de um grande segredo em Summerset, Prudence não cresceu para ser criada particular das raparigas que conheceu como irmãs.
Situado temporalmente no início do século XX, este livro tem como um dos pontos mais interessantes a forma como representa as questões das diferenças de classe e do papel das mulheres na sociedade. A posição de Prudence é, aliás, um ponto de partida privilegiado para essa abordagem. Primeiro, porque a sua própria passagem ao papel de criada, depois de ter vivido em igualdade com as Buxton, permite uma visão mais ampla do abismo que separa os dois mundos. E, depois, porque a incapacidade - ou relutância - das irmãs em imporem o seu ponto de vista reflecte bem o que era expectável de uma jovem daquele tempo. Este são apenas os aspectos mais evidentes, já que há outros relevantes, mas associados às principais revelações do enredo.
Falando do enredo propriamente dito, a história é bastante cativante, escrita de uma forma relativamente simples, mas num registo agradável, e vai crescendo em envolvência à medida que as personagens se tornam mais familiares e os seus dilemas se tornam mais claros. Claro que sendo este o primeiro volume de uma série maior, ficam bastantes questões em aberto, mas há um linha essencial para seguir e um caminho que culmina num final de grandes revelações.
Sobre o final, fica um pouco a impressão de que alguns aspectos poderiam ter sido mais desenvolvidos, principalmente no que toca aos acontecimentos entre o último capítulo e o epílogo, já que teria sido interessante ver acontecer as mudanças que são descritas. Ainda assim, esta impressão é um pouco atenuada pelo facto de, ao longo do enredo, as personagens terem despertado empatia, o que torna justificáveis certas circunstâncias mais abruptas.
De tudo isto, a ideia que fica, no fim, é a de uma história cativante e agradável, com alguns momentos particularmente intensos e um enredo que, sendo apenas o início de algo maior, apresenta já muito de interessante. Gostei.

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