segunda-feira, 29 de julho de 2013

Ninguém me Conhece como Tu (Anna McPartlin)

Amigas desde a infância, Lily e Eve foram inseparáveis durante muitos anos, até ao dia em que algo de terrível as separou e destruiu a sua amizade. Passaram muitos anos, mas agora o destino quer que elas se voltem a encontrar. Eve deixou uma vida de fortuna e sucesso para voltar ao lugar onde cresceu, abrandar o ritmo da sua vida. Lily vive presa a um casamento tenso com um homem com tendências agressivas. E nenhuma delas sabe o quanto precisa da outra. Até ao dia em que Eve sofre um grave acidente de viação e se vê presa a uma cama do hospital em que Lily trabalha. Durante a longa e difícil recuperação, as duas amigas voltarão a aproximar-se e a encontrar uma na outra a força de que precisam para enfrentar novos desafios. Até porque há sempre problemas por perto.
Com uma história feita de encontros e descobertas pessoais, este livro tem, sem dúvida alguma, o seu ponto forte no aspecto emocional. Desde os momentos ternos às situações traumáticas, das personagens empáticas aos indivíduos detestáveis, a autora consegue dar vida às suas personagens e transmitir essas características ao leitor. É fácil sorrir ante as irreverências de Eve, escolher lados nos conflitos conjugais de Lily e Declan, odiar os seus comportamentos mais insuportáveis e, contudo, sentir alguma compaixão face ao seu passado. Este é, aliás, outro dos traços que torna a história tão marcante. É que, mesmo nas personagens cujo papel se aproxima do do vilão, a autora apresenta-lhes também as capacidades redentoras, criando, ao mesmo tempo, um sentido de humanidade e a curiosidade em saber se essas personagens percorrerão ou não esse tal caminho de redenção.
Parte deste lado emotivo deriva, também, do facto de a história se centrar muito nas relações entre as personagens. Há um lado romântico, inevitavelmente, e neste surpreende o facto de a autora encaminhar as coisas para um final menos fechado e menos previsível, mas há também muitos outros elos e questões. A amizade acaba por ser, por vezes, o elemento dominante, com a perda e a recuperação do contacto a fazer reflectir sobre os verdadeiros afectos. Na verdade, há na relação entre o grupo de amigos de Eve e Lily momentos tão fortes como os da história das duas, até porque a autora desenvolve estas personagens com a mesma atenção que dedica às protagonistas. E depois há a questão do casamento de Lily, toda ela uma boa base para reflexão sobre a questão da violência doméstica.
Cativante desde o início, este livro vai crescendo aos poucos em intensidade, à medida que os pontos fortes de personalidade - e até, por vezes, as suas vulnerabilidades - conquistam empatia, chamando a atenção para o que sentem e quem são. A partir desse ponto, a leitura torna-se cada vez mais viciante, para culminar num final marcante e que, mesmo sem dar todas as respostas, surpreende e comove. Uma boa história, portanto, com personagens cativantes e muitos momentos fortes para recordar. 

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