sexta-feira, 21 de junho de 2013

O Irmão de Sangue (Eric Giacometti e Jacques Ravenne)

Quando um intruso invade o espaço da sede da Obediência Maçónica, deixando atrás de si dois cadáveres e alguns sinais de que conhece não só os hábitos da Maçonaria, mas o traçado do seu lugar de reunião, o comissário Antoine Marcas sabe que tem de intervir na investigação, mesmo estando de licença sabática. O assassino proclama ter o grau da vingança e estar determinado a sanear a Maçonaria, ao mesmo tempo que segue as pistas de um segredo preservado por quatro famílias e que remonta a Nicolas Flamel... ou a antes dele. Enquanto o assassino segue as suas pistas, Marcas dá por si a seguir pelos mesmos passos e rumo ao perigo. Mas há ainda outros olhos que os observam. E, como não podia deixar de ser, esses podem pertencer a interesses poderosos.
Com muitos pontos comuns à fórmula geral deste tipo de livros, os pontos fortes que sobressaem em O Irmão de Sangue dizem respeito, essencialmente, a dois aspectos. O primeiro é, claro, a perspectiva interna relativamente aos rituais e modos de pensar dos - ou de alguns - elementos pertencentes à Maçonaria. Ao incluir o protagonista neste grupo, os autores fazem dele o centro ideal para a exposição de todo o conhecimento associado a esse meio, permitindo, também, que este seja apresentado de forma gradual, à medida que, ao longo do enredo, Marcas estabelece contacto com outros Irmãos e com outras facetas da história da Maçonaria.
O outro ponto forte está nos traços que, relativamente à personalidade de Marcas, vão sendo revelados. Este livro não é tão intenso como o anterior e, havendo menos situações de perigo directo, há mais desenvolvimento dos acontecimentos e menos no que respeita às emoções e percepções das personagens. Ainda assim, Antoine Marcas surge como um indivíduo interessante, com alguns pontos de vista particularmente bem desenvolvidos e algumas surpresas para revelar.
Ainda um outro aspecto interessante neste livro está no facto de o enredo saltar entre o presente e a história do próprio Nicolas Flamel. Na verdade, acaba por ser este a protagonizar alguns dos momentos mais intensos do livro, nomeadamente no seu contacto com o carrasco. Daí que fique a sensação de que mais haveria a ser explorado sobre a parte do enredo que lhe diz respeito - até porque as partes do percurso que são reveladas insinuam grandes possibilidades.
Trata-se, assim, de um livro envolvente, com uma escrita agradável e um enredo viciante, e que, mesmo havendo mais a explorar em certos aspectos, não deixa, ainda assim, de proporcionar bons momentos de leitura. Uma história cativante e interessante, com alguns momentos particularmente bons. Gostei.

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