segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O Céu e o Inferno (Sérgio Branco)

Sérgio considera-se apenas um rapaz normal. Mas tudo muda quando a sua escola é atacada por um grupo de demónios cuja missão parece ser a de o eliminar. A sorte de Sérgio é a chegada de alguns amigos da família, que ajudam no combate e o ensinam como lidar com as criaturas. Mas esses visitantes são também um sinal de que a normalidade acabou. É que Sérgio descende de uma ilustre linhagem de caçadores, dedicada, durante séculos, a proteger a humanidade das criaturas sobrenaturais. E nem só a sua família é lendária. Sérgio e os seus novos amigos parecem ter um papel a desempenhar na derradeira batalha entre o bem e o mal. O fim dos tempos pode estar próximo... e afastar-se do conflito já não é uma opção.
Este é um livro que deixa sentimentos ambíguos. Por um lado, há na história várias ideias interessantes, alguns momentos particularmente bons e um ocasional toque de humor particularmente cativante. Por outro, há também evidentes fragilidades, principalmente a nível de escrita. O resultado é uma leitura que oscila entre o cativante e o confuso, capaz de despertar curiosidade, nos melhores momentos, para o que irá acontecer a seguir, mas em que, por vezes, é difícil compreender os comportamentos e motivações das personagens. Mas vamos por parte.
A ideia do fim dos tempos e da inevitável batalha final entre anjos e demónios não é propriamente nova. Ainda assim, o autor consegue apresentar algumas ideias interessantes, quer nos símbolos e nos poderes associados aos dois lados do conflito, quer nos planos que opõem Sérgio e os seus aliados a um núcleo de demónios com um líder bastante interessante. Este contexto serve de base para algumas situações bastante cativantes, principalmente na evolução da relação de Sérgio com os amigos, mas também nalguns dos desenvolvimentos do conflito, com especial destaque para um final particularmente bom.
Há, contudo, alguns aspectos confusos a nível da caracterização das personagens, principalmente pelo enquadramento da idade dos protagonistas no contexto da história. Por vezes, o papel que desempenham parece ser mais apropriado a alguém bastante mais velho, sendo pouco convicentes algumas das posições das personagens. Além disso, há conflitos que parecem demorar demasiado a resolver-se, quando outros bastante mais complexos se concluem de forma um pouco abrupta, o que prejudica um pouco o ritmo do enredo.
Ainda assim, o principal problema está mesmo na escrita. Frases confusas, frequentes erros ortográficos e alguma confusão no significado de certas palavras prejudicam bastante o ritmo da leitura, já que, mesmo nos momentos em que a história é mais envolvente, torna-se difícil esquecer esses lapsos e entrar, simplesmente, na história. O que é pena, pois bastaria uma revisão atenta para resolver muitos destes problemas.
Terminada a leitura, a impressão que fica é a de uma história que, apesar de ter algum potencial, com vários momentos cativantes e divertidos e um final particularmente bom, perde bastante por algumas falhas na escrita e na caracterização das personagens. Fica, apesar disso, uma certa curiosidade em saber o que acontecerá a seguir.

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