sábado, 23 de fevereiro de 2013

Letal (Sandra Brown)

Honor Gillette é a viúva de um agente da polícia. Vive sozinha com a filha de quatro anos e, com a ajuda do sogro e de alguns amigos, tentou continuar com a sua vida da melhor forma possível. Mas tudo muda quando um homem ferido aparece no seu jardim, revelando-se, quando Honor acorre em seu auxílio, como o responsável por um assassínio em massa ocorrido na véspera. Agora, a vida de Honor pode estar em perigo, a não ser que faça tudo o que esse homem lhe pedir. Ainda assim, é possível que não seja o perigoso Lee Coburn a verdadeira ameaça. E que aquilo que procura, e que julga estar na posse de Honor, seja a resposta para travar uma poderosa rede criminosa, cuja liderança tudo fará para ocultar a sua existência.
Acção e tensão desde as primeiras páginas, despertando, desde logo, a vontade em saber o que está a acontecer e que consequências terá, são, sem dúvida, o que torna este livro tão envolvente. Sendo, desde o início, uma missão de vida ou morte, a história de Coburn e, devido às suas acções, de Honor, é, ao mesmo tempo, o desvendar de um mistério e uma corrida contra o tempo, o que define, para todo o enredo, um ritmo intenso e rico em momentos fortes. E surpreendentes, por vezes. Este ritmo compulsivo, em que há sempre algo a acontecer, e em que todos os erros têm consequências, faz com que a história nunca deixe de ser empolgante. Além disso, ao apresentar alguns capítulos em que desenvolve a perspectiva e os planos dos vilões, a autora reforça a difícil situação dos seus protagonistas, reforçando um pouco mais o impacto dos momentos mais delicados.
A este ritmo de intensa acção junta-se ainda um toque de emoção. Principalmente na forma como a relação entre Honor e Coburn evolui, mas também no que diz respeito a alguns dos actos dos vilões, há, ao longo da história, momentos mais ou menos claros de emoção que revelam a humanidade das personagens. E isto não se aplica só aos protagonistas nem aos pequenos momentos de romance que vão surgindo. A relação de Honor com o sogro, a preocupação com a filha, e, por outro lado, o pequeno grande segredo de Diego e o amor ilimitado de VanAllen pelo filho surgem como momentos que, mesmo não parecendo essenciais ao enredo, o tornam um pouco mais complexo, realçando a humanidade das personagens e os afectos e valores que as movem.
Nem tudo é surpreendente. Há, ao longo do enredo, acontecimentos e decisões que não são propriamente difíceis de prever. Mas esta previsibilidade nas pequenas coisas é amplamente compensada pela revelação final, que, mesmo sem responder a todas as questões, surpreende pelo inesperado das pessoas envolvidas. De todos os suspeitos possíveis, o Guarda-Livros acaba por ser o mais inesperado entre as personagens. E a conclusão da história, para lá da identificação do culpado, tem também algo de surpreendente, na forma como deixa em aberto tantas possibilidades.
Mistério, acção e emoção nas medidas certas são, portanto, os elementos que tornam este livro tão cativante. Nem tudo é surpreendente, mas as surpresas são particularmente bem conseguidas, o mesmo acontecendo com o equilíbrio estabelecido entre a frieza da necessidade de agir instantaneamente e os traços e memórias que humanizam as personagens. Uma boa história, pois, e uma leitura empolgante.

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