segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Um Anjo Falou Comigo (Theresa Cheung)

Intuições para uma mudança de planos que acabam por impedir um incidente dramático. A sensação de uma presença reconfortante ou de ouvir palavras ternas de alguém que já partiu. Figuras que surgem na hora certa para prestar auxílio e que não voltam a ser vistas. Estas são algumas das situações que Theresa Cheung considera como resultado da intervenção dos anjos. E é de histórias como estas que é feito este livro, em que, além de apresentar a sua própria visão do que são, afinal, os anjos e de como intervêm na vida das pessoas, a autora reúne também um conjunto de histórias que marcam, independentemente da crença.
Um dos aspectos mais interessantes deste livro - tal como de outros desta autora - é a forma como esta apresenta uma ideia dos anjos que não depende de nenhum sistema específico de crenças. Há, naturalmente, uma base espiritual e a necessidade de uma certa medida de fé, para explicar certas circunstâncias. Mas nem as histórias, nem os pontos de vista da autora, se ligam directamente a qualquer sistema religioso ou crença mais específica. A fé associada aos anjos, tal como apresentados neste livro, exige pouco mais que disponibilidade para acreditar e a ideia de uma vida para lá do fim, o que torna tudo mais fácil de assimilar, independentemente do sistema de crenças de quem lê.
Mas o mais importante são as histórias, ou não fossem elas a componente essencial do livro. As teorias e pontos de vista da autora são descritas de forma muito sucinta e directa, desenvolvidas ao ritmo da interpretação dos relatos apresentados. E as histórias em si são também narradas de forma bastante simples, reflectindo, na maior parte dos casos, a voz dos seus protagonistas e, desta forma, transmitindo parte da intensidade das suas emoções. Além disso, a grande maioria dos casos marcam, essencialmente, pela ternura e afecto que evocam, sendo que, nalgumas delas, a possível associação aos anjos é muito discreta. É possível, assim, apreciar a história pelo que é, simples ou dramática, mas sempre emotiva, e é possível, independentemente da crença, reconhecer o seu  impacto emocional.
Trata-se, pois, de  um livro que, apesar de tratar de questões relativas à espiritualidade (e que, portanto, implica algo de fé para aceitar as interpretações de algumas circunstâncias), se distancia da associação dos anjos a uma crença específica, realçando antes as histórias e as suas circunstâncias, para falar de acontecimentos que, inexplicáveis ou não, acabam por ter sempre algo de marcante. Uma boa leitura, portanto.

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