segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A Magia das Estrelas (Tom Bullough)

Konstantin é um rapaz cheio de sonhos, com muitas ideias na cabeça e uma imaginação inesgotável. Sonha com as estrelas e com o que há para lá da terra e, assim, encontra um refúgio para os problemas da vida no seu tempo e no seu lugar. Mas as dificuldades começam quando uma longa luta contra a escarlatina o deixa surdo. Então, os sonhos e o fascínio pelo céu tornam-se também a porta para o seu crescimento e para uma aprendizagem que, cheia de tribulações e dificuldades, o leva também a pensar e a imaginar mais - e a olhar para o espaço como destino e local de descoberta.
O mais interessante neste livro é que, apesar das suas ideias sobre as viagens espaciais e do seu consequente papel na História, a aventura de Konstantin é apresentada do ponto de vista pessoal e individual. As suas ideias e experiências não são descuradas, havendo um bom desenvolvimento tanto na exposição das ideias como na sua possível aplicação, mas não são o centro da história. O essencial diz respeito a Konstantin, criança e depois homem, e à sua história pessoal, percurso de aprendizagem e crescimento individual, com todas as emoções e desilusões associadas.
Toda a narrativa é centrada na história de Konstantin. Isto implica que, a cada mudança de cenário ou de meio social, as pessoas com quem ele interage - família, amigos, alunos... - vão surgindo e desaparecendo, com o passar do tempo. É natural, por isso, que fiquem algumas perguntas sem resposta, principalmente no que respeita a personagens que, com o tempo, deixaram de surgir. Mas há também, para estas mudanças, um efeito interessante, já que as perdas de contacto e as histórias incompletas fazem parte da vida de cada um e a de Konstantin não é, nesse aspecto, diferente. Disto resulta uma maior proximidade ao protagonista, já que tudo - as experiências vividas, as pessoas conhecidas e perdidas, as descobertas e as desilusões - diz respeito, de uma forma ou outra, a Konstantin, sendo a sua história o centro do universo deste livro.
Apesar de alguns momentos mais descritivos, principalmente na exposição das ideias e experiências de Konstantin, quase toda a caracterização é feita de forma gradual, muitas vezes a partir das percepções do protagonista. Também isto contribui para a envolvência do livro e, principalmente, para a criação de um sentimento de empatia, já que os momentos de emoção e as muitas situações delicadas vividas por Konstantin conferem ao seu percurso uma maior força.
Trata-se, portanto, de um livro que cruza conhecimento e emoção, numa história em que o percurso do protagonista marca não só pelas conquistas, mas também pelas tentativas e fracassos que lhe moldam a personalidade. O resultado é uma leitura envolvente, mesmo nos momentos mais pausados, e com grandes momentos de emoção. Um bom livro, em suma.

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