sábado, 24 de março de 2012

Ama-me sem me suportares! (Fátima Marinho)

Do amor nas suas múltiplas vertentes falam os poemas (e conto) que constituem este livro. De ternura e de esperança, mas também de perda e de saudade, do amor romântico e dos afectos para lá do romance... de todos os conceitos e ambiguidades, em suma, que foram a definição dessa vasta entidade que é o amor. E há em cada poema algo de belo para descobrir, algo de surpreendente pela peculiaridade das imagens, mas, em simultâneo, familiar na intensidade dos sentimentos.
É precisamente na forma como imagens invulgares se fundem com sentimentos que são quase universais que está o melhor deste livro. Muitos dos poemas são breves, relativamente simples, mas todos, dos mais curtos aos mais elaborados, um ponto em comum: todos transmitem uma imagem nítida e completa, e todos apresentam o amor como sentimento genuíno. É isto que define, aliás, a unidade que transparece ao longo de todo o livro. Com o amor como tema, mas sendo este explorado nas suas inúmeras vertentes, há algo de diferente em cada poema, define-se, dentro da relativa diversidade dos sentimentos explorados, uma linha de unidade ao longo de todo o livro. Afinal, da saudade de alguém que partiu à esperança de partilhar, uma dia, um mundo melhor, acaba por ser, ainda e sempre, o amor o ponto de partida para esses sentimentos.
Trata-se, portanto, de uma poesia de afectos, mas também de imagens muito próprias. Mesmo no mais breve dos poemas, há uma imagem que marca pela sua natureza particular, complementando com um toque de invulgar a universalidade do sentimento que serve de mote. A impressão que fica é, por isso, a mais positiva e este é um livro que não posso deixar de recomendar.

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