segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Vermelho da Cor do Sangue (Pedro Garcia Rosado)

O objectivo do assalto à casa do banqueiro era apenas roubar as jóias do cofre. Mas as coisas complicam-se quando um dos envolvidos decide levar consigo um passaporte da União Soviética pertencente a um homem desaparecido. Um homem cuja filha tem procurado incessantemente informações sobre o seu paradeiro. O problema é que esse passaporte é também o símbolo físico de um segredo comprometedor para algumas figuras poderosas, que estarão dispostas a tudo para o recuperar.
Destaca-se, desde cedo, nesta leitura, a forma como o autor percorre os pontos de vista das diferentes personagens. Que são muitas. Assim, é necessário um certo esforço, na fase inicial, para captar as posições e ligações dos muitos intervenientes neste mistério e isto resulta num ritmo de leitura que começa por ser bastante pausado. Contudo, assimiladas as circunstâncias das diferentes personagens e estabelecido um ritmo de acontecimentos, cedo a leitura evolui para um ritmo cativante (por vezes, viciante), onde há muito a acontecer, um interessante segredo por desvendar e situações que, de um momento para o outro, podem alterar-se por completo.
Havendo tantas personagens a interagir ao longo da narrativa, é natural que algumas delas tenham um maior desenvolvimento, enquanto que outras permanecem, de certa forma, na sombra. Em termos de construção de personagens, destaca-se de forma notória o misterioso Ulianov, interveniente relutante, mas crucial em todo o enredo. Trata-se de uma personagem com um passado que se evidencia nas suas escolhas e até no seu normal modo de agir. Razões pelas quais também Joel Franco vai cativando a atenção do leitor, tanto através da sua posição no caso como pelas breves referências ao incidente do seu passado.
Fica, pois, uma impressão muito positiva deste livro que, apesar de um início mais lento, rapidamente evolui para uma história envolvente e cheia de surpresas. Uma boa leitura, em suma.

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