segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Excecionais (Scott Westerfeld)

Tudo mudou na sequência da Revolução Mental desencadeada por Tally Youngblood. Mas nem tudo para melhor... E, para Aya Fuse, há algo que permanece igual: ter quinze anos é uma chatice. Na sua cidade, a fama é o essencial e o que cada um obtém da vida é condicionada pelos méritos (obtidos por acções de boa cidadania) e o ranking facial, conquistado através da fama. É por isso que, cansada do anonimato do seu baixo ranking, Aya está disposta a fazer muito para conquistar uma história que a torne conhecida aos olhos do mundo. O problema é quando a história que Aya persegue se revela bastante mais complexa do que parecia à primeira vista...
A conjugação de uma história cheia de acção e de ritmo viciante com uma abordagem inteligente e cativante dos grandes temas da sociedade tem vindo a ser um elemento constante nos livros deste autor, e em particular nesta série. Este último volume não é excepção e as questões relevantes são mais que muitas: questões globais como a protecção do planeta ou a preocupação excessiva com a fama e a falta de privacidade a esta associada associam-se à definição de valores que, igualmente relevantes, se definem mais na natureza de cada indivíduo, como a honestidade e o sentido de lealdade. E todos estes elementos são abordados de forma envolvente, sem prejudicar o ritmo compulsivo do enredo, mas nunca de forma superficial. Interacções como a de Aya e Frizz, ou descobertas como as das verdadeiras razões para o plano dos Extras dão forma a discussões ou até revelações pessoais associadas a estes valores, e estas são construídas de uma forma que fica na memória do leitor.
Para além da mensagem por detrás da sociedade construída pelo autor, destacam-se também a construção de novas personagens (diferentes, de certa forma, das dos volumes anteriores, mas onde é possível vislumbrar paralelismos interessantes) bem como o seu cruzamento com figuras que, vindas dos livros anteriores, adquirem agora uma nova perspectiva. Isto é particularmente evidente na visão exterior - e, como tal, menos empática e mais imparcial - de Tally Youngblood, na qual as consequências da sua experiência prévia são agora bem visíveis.
Trata-se, portanto, de uma história cativante, construída num mundo repleto de elementos de interesse e onde as personagens se tornam reais tanto pelo seu percurso de aprendizagem como pela forma como esta transmite uma forte mensagem. Envolvente e cheio de surpresas, um final mais que adequado para uma série muito interessante. Muito bom.

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