quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A Rainha dos Gelados (Anthony Capella)

Ao chegar a França, Carlo Demirco conquista a corte de Luís XIV com a sua arte de fazer gelados. Já o coração da mulher amada parece ser bem mais inacessível: Louise de Keroualle, dama de companhia da irmã do rei de Inglaterra, vê Carlo como inferior à sua dignidade. Mas tudo muda quando Henrietta morre e tanto Carlo como Louise são enviados a Inglaterra para atenuar o sofrimento do rei. Aí, Carlo encontrará um desafio para a sua arte. E Louise terá de escolher entre a honra e a capacidade de influenciar os destinos do reino.
É na caracterização da vida da corte - e, em particular, nas diferenças, a este nível, entre França e Inglaterra - que se encontra o elemento mais cativante deste livro. O fausto e o requinte de Versalhes chocam com a quase excessiva simplicidade da corte inglesa e a atitude dos cortesãos para com o seu rei é também completamente diferente. Aliás, a figura de lorde Rochester, com os seus poemas provocadores e as poucas consequências que estes acarretam, representam na perfeição um nível de tolerância completamente diferente do da corte francesa. São, pois, estes pequenos elementos de caracterização associados a diferentes figuras histórias (e, mais uma vez, a presença curiosamente discreta de Rochester é algo que se destaca) que definem uma base interessante para esta narrativa.
Ainda que a história seja contada por Carlo e Louise e que, por vezes, os sentimentos de ambos pareçam ser fundamentais à história, não é, na verdade, o seu amor o que define este livro, ou, pelo menos, não por completo. É, de facto, o sentimento que leva Carlo a criar alguns dos seus melhores gelados, mas também a sua ambição e desejo de fama estão nos seus motivos essenciais. E Louise não se move por amor, mas primeiro por uma necessidade de reagir às pressões sobre ela exercidas e depois pela sua própria necessidade de poder e influência.
Assim, não é propriamente uma surpresa a forma como o autor encerra a história dos seus dois protagonistas. Centrado nas verdadeiras motivações dos protagonistas - e conjugando de forma interessante a renúncia de um e a ascensão da outra - o final é, ainda que um pouco apressado, adequado às emoções e aspirações que, desde cedo, tinham vindo a ganhar destaque.
Uma história interessante, portanto, escrita de forma cativante e que, ainda que alguns aspectos das personagens pudessem ter sido mais explorados, compensa essa falta pela interessante caracterização das duas cortes. Gostei.

2 comentários:

  1. Este é um dos livros que estou a ler agora e tb estou a gostar

    Boas leituras :)

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  2. acabei de o ler e adorei :) este livro cativou-me desde o início.

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