sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O Grande Gatsby (F. Scott Fitzgerald)

Jay Gatsby é um indivíduo estranho. Dá festas estonteantes que toda a sociedade parece ter interesse em perguntar, mas parece não conviver tanto quanto seria esperado de um anfitrião. É dono de uma fortuna considerável, mas o seu passado e a forma como chegou à posição que ocupa são explicadas por pouco mais que rumores. Nalguns aspectos parece não ter escrúpulos, noutros parece particularmente sensível. E quando Nick Carraway se torna seu vizinho, não faz ideia da complexidade da história em que se verá envolvido.
Os pontos essenciais deste livro poderiam-se resumir em duas áreas centrais: o retrato algo invulgar da sociedade que pretende caracterizar e a estranha história de amor do passado de Gatsby. E se o primeiro implica alguns elementos menos envolventes, como a enumeração de nomes e relações estabelecidades entre Gatsby e os seus supostos "amigos", é na história dos seus sentimentos por Daisy que se encontra a grande força desta narrativa. Não se trata de um amor vulgar e a verdade é que de romântico tem muito pouco. É mais evidente a obsessão, a necessidade de vislumbrar um sentimento único e exclusivo onde as relações, mesmo as oficiais, parecem significar muito pouco. E desde que o momento em que o passado se torna influente no presente, desde que a necessidade de reencontrar Daisy se torna num impulso inevitável, há algo de insinuação de tragédia que vai crescendo a cada novo desenvolvimento nos acontecimentos.
Entre personalidades diversas e peculiares, há, inevitavelmente, duas que se destacam. Uma delas é, claro, o infame Jay Gatsby, com as suas peculiaridades de comportamento e de pensamento, que o marcam como uma figura intrigante e que, estando longe da perfeição, não deixa de inspirar uma certa compaixão, principalmente nos momentos finais do livro (que são, para mim, os mais marcantes). O outro é Nick Carraway, com a sua quase deslocada firmeza de princípios, uma honestidade que o torna, em simultâneo, o completo oposto de Gatsby e o seu único verdadeiro amigo.
Não é uma leitura fácil. Há momentos peculiares e outros que, à primeira vista, parecem não contribuir muito para a narrativa, vindo a sua relevância a tornar-se nítida apenas bastante mais tarde. É, ainda assim, uma história fascinante, tanto enquanto retrato de uma época como enquanto história de um amor... disfuncional.

2 comentários:

  1. Quero muito ler este livro, exactamente pela qualidade que lhe atribuem os grandes críticos, e por ser uma obra inevitavelmente obrigatória - ao ser catalogada como uma das melhores na história da literatura do século XX.

    Em relação à BANG, o teu blog vem em maior destaque numa coluna lateral, com um excerto da crítica a "Sacerdotisas da Luz". Posso enviar-te a foto, só não sei para que mail.

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  2. Olá!

    Tinha algumas dúvidas quanto a este livro, quando comecei, principalmente por ter lido opiniões muito boas, mas também muito más. Mas gostei muito, valeu bem a pena a leitura.

    O meu mail é este: carianmoonlight@gmail.com
    Obrigada!

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