terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O Sinal dos Quatro (Sir Arthur Conan Doyle)

Watson continua a narrar fielmente - ainda que com uma certa emotividade que desagrada ao peculiar detective - os casos de Sherlock Holmes. E, como não podia deixar de ser, também este caso tem as suas peculiaridades. A cliente é Mary Morstan e o motivo que a leva até Sherlock é a necessidade de desvendar o desaparecimento do pai, dez anos antes. Quatro anos após este desaparecimento, Mary começou a receber, uma vez por ano, uma pérola valiosa. Seis anos depois, contudo, o que recebe é um bilhete a marcar um encontro. E Mary precisa de Sherlock e de Watson para descobrir que razões estão na base de tão estranha situação. Mas nem só do pai de Mary se faz este caso.
Mais que o caso propriamente dito (e tal como acontecera em Um Estudo em Escarlate), são as peculiaridades de Sherlock o que mais chama a atenção neste livro. Desde a conversa inicial sobre o tal dramatismo que Watson colocou na narrativa e que muito desagrada ao detective aos hábitos mais intrigantes de Sherlock (onde se destacam principalmente as suas formas de reagir à frustração), acaba por ser este conhecimento gradual e curioso da personalidade do protagonista o elemento mais cativante desta leitura.
Quanto ao caso, apresenta, apesar da sua estranheza aparente, todos os elementos característicos de uma das aventuras de Sherlock Holmes. Uma morte aparentemente inexplicável, uma série de pistas e linhas de dedução que parecem, de certa forma, improváveis a qualquer outra mente que não a de Sherlock e umas quantas surpresas ao longo do percurso. E o detalhe mais interessante nesta linha de acontecimentos acaba por ser a história do culpado, com a sua estranha firmeza de lealdades, apesar das situações que o levaram a uma posição... delicada.
Ainda dois detalhes desta história que despertam uma certa curiosidade para aventuras posteriores. Primeiro, a estranha relação de Sherlock com as forças da autoridade, prestando o seu auxílio sem daí tirar grandes vantagens, mas manifestando para com os elementos da polícia um certo desdém. O outro aspecto é, inevitavelmente, a relação que se cria entre Watson e Mary Morstan, situação que não é muito desenvolvida neste livro, mas que deixa evidente um rumo bastante claro para esta relação.
Uma história intrigante, ainda que relativamente breve, mas que cativa principalmente pela forma progressivamente mais curiosa como Sherlock é apresentado a alguns leitores. Frio e indiferente, na maioria das vezes, mas com os seus momentos mais sociáveis (principalmente com Watson) a deixar entrever um indivíduo bastante mais complexo para lá das aparências.

1 comentário:

  1. Contrariamente a outras histórias com Sherlock, nesta apercebemos que Watson tem uma paciência limitada e que o seu amigo não é muito fácil da aturar...

    http://cronicasobscuras.blogspot.com/

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