sábado, 31 de dezembro de 2011

Balanço de 2011

E lá passou mais um ano. Um ano de sonhos... e de realidades, de atribulações, esperanças e desilusões, de projectos imaginados e de planos deixados por concluir.  De coisas boas e de coisas más, como todos, como sempre.  Este foi um ano em que nem tudo foi bom e, em muitos dos  aspectos, não foi dos mais produtivos. Mas nem tudo foi  mau e houve, como lado positivo, as muitas, muitas horas livres para dedicar à leitura, resultando num total de  365 livros lidos (sim, é verdade), entre diferentes géneros e temas, das pouco mais de 50 páginas às mais de 1000.
Foi um ano bom para a leitura, portanto, e não só em quantidade. Houve boas descobertas, novos livros de autores que já tinham um lugar especial no meu coração, recomendações de longa data que finalmente tive a oportunidade de ler... Por isso, escolher os dez melhores foi tudo menos fácil e houve muitas boas leituras que, inevitavelmente, ficaram de fora desta lista. Mas já lá vamos...
Planos para 2012? Talvez encontrar um caminho de volta para a inspiração, talvez encontrar um futuro em tempos conturbados, talvez, simplesmente, tentar... Mas, a nível de leituras, (que é o que interessa por aqui, não é verdade?) o plano é simples. Continuar a ler, de tudo e no rumo do que me apela à curiosidade (e ao coração). E continuar a partilhar por aqui aquilo que cada novo livro me diz.

Mas, nostalgias à parte, passemos à lista de favoritos:


Quem conviveu comigo na altura em que andava a ler este livro sabe a marca que ele deixou - quanto mais não seja porque eu não falava de mais nada. 
Extenso, com um mundo muitíssimo complexo e exaustivamente descrito, personagens igualmente complexas e um sistema elaborado e meticulosamente construído, este foi um livro que marcou de forma muito pessoal e por várias razões. Pelo ambiente sombrio e desolado que, desde o início prenuncia a tragédia, pela força emocional dos grandes momentos, pelo detalhe dos cenários, do protocolo, da mudança que, lentamente, se constitui. E principalmente por uma ligação muito pessoal a um protagonista que, longe de heróico, marca tanto pela falibilidade como pelo sentido de uma consciência superior, mas que não basta para resolver todo um mundo de culpas. De todas as razões para este livro ter sido marcante, Suth Carnelian é a principal. Mas todas estas razões são o que define este livro não só como a minha leitura favorita deste ano, mas como um dos favoritos de sempre.


Um mistério fascinante, personagens muitíssimo bem construídas e uma escrita belíssima para caracterizar um cenário impressionante. Fica deste livro a impressão de uma obra em que todos os elementos encaixam nas medidas certas. As emoções são intensas, as surpresas estão lá, as explicações podem não ser as mais prováveis, mas fazem todo o sentido. E, mais uma vez, há personagens que marcam, quer pela sua história, quer pela forma como reagem às circunstâncias mais complicadas. Aqui, destaca-se Julián Carax com a tragédia da sua história pessoal, mas também com o paralelismo que o une a Daniel Sempere, personagem cujo crescimento é particularmente marcante. 
Mais um livro fascinante e, portanto, mais um dos favoritos.


Vinha com as melhores recomendações e não desiludiu. Interessante em múltiplos aspectos, desde o contraste entre a vida no Norte e no Sul, ao crescimento pessoal da própria protagonista na descoberta dos seus valores e sentimentos e culminando na personalidade intensa de um muito impressionante Mr. Thornton, este é um livro que cativa, que surpreende, que comove. Com uma escrita belíssima e uma história marcante, é uma leitura imperdível.


Também lido com as melhores expectativas, e mais um que não desiludiu. Mistério e emoção, tragédia e imaginação, definem uma história feita de surpresas e de enigmas, unindo vidas separadas pelo tempo através de emoções e sentimentos de pertença, de hesitações, mas também da necessidade de fazer a escolha certa. Cativante, emotivo e com uma escrita lindíssima, O Jardim dos Segredos foi uma das melhores descobertas do ano.


Tendo em conta que Duna foi o favorito de 2010, a presença deste livro na lista de favoritos não deve ser uma surpresa. Até porque o melhor de Duna está também neste livro.
Mais pausado, mais introspectivo, mas com uma força emocional devastadora, este livro traz de volta uma das minhas personagens favoritas e coloca-o numa situação desoladora. Ciente de demasiados possíveis futuros, impõe-se a Paul a escolha do mal menor. E quando (quase) tudo em redor é hostil, a escolha não poderá deixar de ser dolorosa. Crescendo em intensidade para culminar num final poderoso, este é um livro que fica na memória.


História de uma personagem fragilizada que encontra a força de que necessita nos ecos de um passado distante, este livro conjuga elementos históricos com um enredo feito de acção e perseguição onde se fundem o normal e o sobrenatural. Uma boa história, com momentos muito emotivos e personagens interessantes, tudo desenvolvido numa escrita cativante e com um final surpreendente. Mais uma leitura marcante.


Um mundo fascinante e uma história que evolui dos problemas quase pessoais da protagonista para uma situação que envolve bastante mais que as figuras principais da narrativa. Isto bastaria para definir uma história interessante, mas nem foram estes elementos a deixar a maior marca. Foram, sim, os momentos de grande força emocional, protagonizados por um duo de personagens com várias características cativantes, mas onde Kosenmark se destaca pela sua ambiguidade inicial, justificada por um passado complexo e que define as suas fragilidades. 
Intenso, intrigante, comovente e com uma visão muito marcante dos contrastes entre o que se quer e o que tem de ser, também este livro foi uma descoberta impressionante.


Uma breve e deliciosa surpresa. Histórias curtas, mas com a medida certa de ternura, de emoção e de magia, acompanhadas por ilustrações que se adequam na perfeição ao texto, fazem deste livro uma obra fascinante para leitores de todas as idades.







Cheio de surpresas, com um cenário fascinante e muitíssimo bem construído e um protagonista complexo e cativante, há muito de bom para descobrir neste livro. Personagens com um papel inicial algo duvidoso, mas que vão conquistando empatia à medida que mais dificuldades surgem no seu caminho, lideradas por uma figura que, fugindo em tudo às características do herói comum, fascina, surpreende e chega a comover. Mais uma óptima surpresa.


Complexo no desenvolvimento das suas múltiplas personagens, mas ainda assim de leitura compulsiva, este é um livro que surpreende quer pela forma como as diferentes situações se interligam, quer pela forma como o protagonista evolui ao longo da narrativa, evocando emoções que vão desde uma relutante empatia à inevitável revolta ante as suas mais detestáveis atitudes. Uma história impressionante, onde tanto a postura das personagens como o rumo dos acontecimentos podem surpreender o leitor a qualquer momento.

E é este o meu balanço do ano. Falta, é claro, desejar a todos os que por aqui passam um novo ano que traga o melhor possível em sonhos, em esperança e em boas descobertas.

Boas leituras... e vemo-nos para o ano!

Astrologia e Guia do Amor 2012 (Paulo Cardoso)

"Não negue à partida uma ciência que desconhece". Foi esta frase tão conhecida que me levou a embarcar numa leitura que, à partida, não era o meu género. E, de facto, a impressão que fica é a de que não sou a leitora certa para este tipo de livro.
Para quem se guia por horóscopos, é provável que este livro seja bastante interessante. Acessível, bem organizado e com alguns pormenores interessantes a nível de caracterização da personalidade segundo os signos, é um livro de fácil consulta. Naturalmente, as previsões têm a medida de ambiguidade característica de qualquer horóscopo, mas, mais uma vez, é possível que seja um guia interessante para quem se orienta por este tipo de previsões.
O que não é o meu caso. Assim, tirando algumas curiosidades no que toca à forma como as previsões são feitas e às tais curiosidades relativas a personalidade, não houve grande coisa que me cativasse neste livro. Feito essencialmente para ser uma orientação através dos astros, é essencialmente das previsões que este livro é feito, o que, para alguém mais ou menos céptico a este respeito, não representará grande ponto de interesse.
Não é, propriamente, a minha área de interesse. Fica, ainda assim, a impressão de um guia bastante organizado e que será interessante para quem dá atenção à influência dos astros no futuro. 

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Submundo (Robert Finn)

Para Clipper, o Metro é o seu território. Um amigo ensinou-lhe como ser discreto, como roubar sem que as suas vítimas se apercebessem e como descobrir a rota de fuga perfeita. Mas esse amigo desapareceu. E quando, após uma conversa invulgarmente aberta com uma perfeita estranha, Clipper dá por si a ser perseguido por dois falsos polícias, a situação complica-se rapidamente. É que ele não é o alvo dos seus perseguidores... mas isso não o impedirá de ser apanhado numa situação de vida ou morte.
Ainda que os acontecimentos deste livro sejam anteriores aos de O Perito e Ex Machina, o contexto está intimamente ligado ao destes dois livros. Isto porque, ainda que os pontos comuns sejam relativamente distantes, é possível ter uma percepção bastante mais clara do que está a acontecer se se tiver de antemão o conhecimento apresentado nas obras anteriores. As capacidades inexplicáveis de Warren são um ponto essencial nesta narrativa e, ainda que a explicação não seja necessária à acção, há pequenas coisas que ficam em aberto e que serão melhor compreendidas conhecendo o papel de Karst e os poderes associados à hierarquia a que esta pertence.
Sendo um livro bastante mais curto que os anteriores, é curioso notar que, apesar disso, não fica a sensação de que falte desenvolvimento. O enredo é feito de acção constante, e a contextualização de cada personagem, feita na medida certa para que tudo faça sentido e também para criar uma certa empatia para com os protagonistas, ajuda a definir uma narrativa de leitura compulsiva que, apesar de deixar alguns pontos por explicar, culmina num final particularmente bem conseguido.
Curto, mas viciante e com as medidas certas de acção, contexto e emoção, Submundo é um complemento bastante interessante para os outros livros do autor. Fica agora a curiosidade em saber o que mais surgirá deste mundo e dos que o protagonizam. Muito bom.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Contos da Raia (Luís Faria)

Com algo de tempos passados e um toque de magia, são dez os contos que constituem este pequeno livro. Com protagonistas humanos e animais, situações trágicas ou divertidas, há uma relativa diversidade que faz com que alguns contos sejam mais cativantes que outros, mas também com que o todo da obra seja mais abrangente. Houve, portanto, contos mais marcantes e outros que deixaram a impressão de qualquer coisa em falta. 
Feitiço, o primeiro conto do livro, conta a história de um animal doente de amor e das tentativas de o curar. Em tom de lenda popular, dispersa um pouco nos pormenores, mas a ideia geral é bastante interessante e há alguns momentos muito bem conseguidos. É, ainda assim, um conto um pouco confuso, apesar de ser bastante interessante a introdução do sobrenatural.
Segue-se O Burro Indolécio, história da morte do burro que dá nome ao conto. Curto, deixa a impressão de que mais poderia ser dito desta história. Ainda assim, a ideia base é interessante e o essencial está lá.
Em O Cão Danado, uma bruxa, um príncipe e alguns desejos são os elementos que definem um conto simples, mas cativante, em estilo de conto de fadas, mas com alguns momentos... peculiares. Com um toque de magia e alguns laivos de macabro, uma boa história.
Afecto, perda e desgosto no mundo animal definem O Capador de Galos, história de uma galinha que fica sem os seus ovos e definha de desgosto. Em jeito de fábula, cria um interessante paralelismo entre o comportamento dos animais e alguns gestos da natureza humana. Surpreendente, com momentos de humor e até alguns laivos de crítica social, uma leitura agradável.
O Coto do Fogo conta a história de um fenómeno e da reacção dos que o avistaram. Descritivo e escrito de forma algo elaborada, surpreende pela ideia interessante e pelo desenvolvimento surpreendente. Por sua vez, Marília trata de amor impossível, de abandono e de morte, num conto dramático e intenso, ainda que, na sua brevidade, deixe por desenvolver aspectos que poderiam ter sido mais explorados.
De um funeral e do homem que o observa trata O Bastardo. Intenso na forma como as palavras transmitem a tragédia, surpreendente no rumo dos acontecimentos, um conto que é, em simultâneo, terno e trágico.
As Alminhas da Ponte apresenta um homem que chora diante de umas alminhas, e a sua história. Retrato marcante de dor e de perda, reflecte também uma certa inocência e a aceitação perante os milagres possíveis. Também de perda trata Um Sonho de Natal, história de uma criança que pede esmola e se vê rejeitada. Aqui, destaca-se o contraste entre os muito ricos e os muito pobres, bem como o desprezo de uns para com os outros. Um conto breve, mas marcante na sua simplicidade.
Por último, O Ilustre Presidente fala de um homem aclamado pelos seus, mas sem grandes características de valor. Um pouco disperso nas longas descrições, marca principalmente pelo bem conseguido contraste entre a celebração e a tragédia, sendo este o momento em que os "importantes" se afastam.
De alguns contos marcantes, e de outros que deixam a impressão de que mais haveria a dizer, o balanço desta leitura é, afinal de contas, positivo, destacando-se os contos de maior intensidade dramática, onde a linha narrativa é mais coesa. Uma leitura breve, mas com alguns contos particularmente interessantes... Gostei.

Novidades Saída de Emergência para Janeiro

0 amor é intemporal.
Imagina um livro que celebra isso mesmo: a união, a beleza do encontro e a mágoa do desencontro que não é mais do que adiar a felicidade. Este livro reúne os poemas feitos à medida de todos nós.
Nós que somos fortes por amor, fracos por amor, belos por amor, rudes por amor, loucos por amor e, quem sabe até, sábios por amor. Este livro exalta o amor. Se o acharem piegas é de propósito, se o acharem desgovernado é de propósito, se o acharem ridículo é de propósito, se o acharem genial é de propósito, se o acharem perfeito é sem querer.
 
É a prenda justa para quem gostamos, é a prenda certa para quem gostaríamos de gostar, é a prenda exacta para quem ainda não conhecemos. É o livro do carinho dos corpos e da alma que todos temos à flor da pele.
É um livro de poemas de amor. Só isso já bastaria, mas talvez seja muito mais.
 
Sookie Stackhouse é a empregada de bar preferida de todos. Uma loura bonita e alegre... que consegue ler mentes.
Mas está longe de ser a única residente em Bon Temps, Louisiana, com uma particularidade especial, com os vampiros locais reclamando os seus direitos inumanos e os lobisomens lutando por território... Aliás, Bon Temps tornou-se um sítio bastante animado por estes dias!
 
 
 
A Professora Amelia Harsh está obcecada em encontrar a civilização perdida Camlante, a cidade lendária cuja sociedade perfeita terá acabado com a fome, guerra e doença. Mas quando regressa a casa de uma aventura arqueológica fracassada, descobre que a Universidade a despediu em retaliação pela sua investigação herética.
Sem fundos oficiais, Amelia não tem escolha senão aceitar o auxílio de um homem que culpa pelo suicídio do seu pai, o incrivelmente poderoso Abraão Quest. Este acaba de encontrar provas de que as ruínas camlantes poderão estar enterradas sob os estranhos lagos das selvas de Gelileão.
Amelia embarca então numa expedição ao coração negro da selva, na companhia de velhos amigos e uma tripulação de caçadores lunáticos, mulheres mercenárias e presidiários. Mas o que ela desconhece é que a busca pela sociedade perfeita pode levar à destruição do seu próprio mundo…
 
Um rei assassinado pelo seu mais antigo inimigo.
Um império dominado por um povo austero e intolerante.
Quatro príncipes exilados determinados a cumprir um destino.
Recuperar o trono de Acácia poderá ter consequências devastadoras.
 
Há muito que o Reino de Acácia deixou de ser governado em paz a partir de uma ilha Idílica por um rei pacificador e pela dinastia Akaran. O cruel assassinato do rei trouxe muitas mudanças e grande sofrimento. Com a conquista do Trono do Mundo Conhecido por parte de Hanish Mein, os filhos de Leodan Akaran são forçados a refugiarem-se em zonas longínquas que desconhecem. Sem tempo para fazer o luto pelo seu pai, os jovens príncipes são separados e jogados à sua sorte num mundo cada vez mais hostil. E é entre piratas, deuses lendários, povos guerreiros e espíritos de feiticeiros que encontram a sua força e a sua verdadeira essência. Entretanto, Hanish continua empenhado na sua missão de libertar os seus antepassados e finalmente entregar-lhes a paz depois da morte. Mas para isso, os Tunishnevre precisam de derramar o sangue dos príncipes herdeiros…
Conseguirá Hanish capturar os filhos do falecido rei Akaran? Voltarão a cruzar-se os caminhos dos quatro irmãos? Estará o coração de Corinn corrompido e rendido à paixão por Hanish ou dormirá com o inimigo apenas para planear a reconquista do Trono de Acácia? E se, de olhos postos na vitória, os herdeiros de Akaran voltarem a sofrer o mais duro dos golpes?
 
O inverno aproxima-se de um mundo mergulhado no caos. No norte dos Sete Reinos está iminente uma batalha decisiva pelo que resta do antigo domínio dos Stark. Ainda mais a norte, Jon Snow luta por encontrar um equilíbrio entre as tradições da Patrulha da Noite e o que o seu instinto lhe diz ser o caminho correto a seguir. A sul, velhas alianças esperam o tempo certo para serem reveladas, enquanto os homens de ferro assolam os mares e as costas dos domínios Tyrell.
Do outro lado do mar estreito, tudo converge para a Baía dos Escravos, onde Daenerys Targaryen tarda em ganhar a paz na inquieta cidade de Meereen. E os dragões? Qual será o seu papel no meio de tudo isto? Muitos estão certos de que a tão temida reconquista de Westeros está prestes a começar...
 
Em Hollows os vampiros são apenas o início...
 
As coisas maléficas que assombram as noites de Cincinnati desprezam a bruxa e caçadora de recompensas Rachel Morgan. A sua reputação de praticante de magia negra começa a fazer virar as cabeças de humanos e mortos-vivos, determinados a possuí-la, dormir com ela e matá-la… não necessariamente por essa ordem.
E como se tudo isso não bastasse, um amante mortal que abandonara Rachel regressou, assombrado pelo seu passado secreto. E há quem queira deitar as mãos a algo que se encontra na posse dele: animais selvagens dispostos a destruir Hollows e todos os seus habitantes, se necessário.
Obrigada a manter-se escondida ou a sofrer para sempre a ira de um demónio vingativo, Rachel deve, ainda assim, agir rapidamente.
Pois pela primeira vez, em vários milénios, matilhas de estranhas criaturas estão a unir-se, preparadas para destruir e dominar. De súbito, há algo mais em jogo do que a alma de Rachel.
 
Susan Michaels foi a melhor repórter da cidade até ao dia em que um escândalo arruinou a sua carreira. É então que obtém uma pista numa história que pode restaurar a sua reputação. O que não esperava era ter a sua vida e cidade ameaçada por um grupo de vampiros letais prestes a dominar Seattle. Como se isso não fosse suficiente, Susan adota um gato. Mas não é um gato qualquer e sim um que se transforma num caçador de vampiros chamado Ravyn. A vida de Ravyn foi destruída séculos atrás quando confiou nas pessoas erradas. Perdeu a família, a honra e a própria vida. Agora poderá vingar-se se conseguir confiar em Susan. No mundo dos Predadores da Noite, a vida é sempre perigosa. Ainda mais agora, pois uma mulher pode despedaçar todo o mundo se contar uma história.
Será Susan capaz de o fazer?
 
 Não basta a minha língua para dizer amo-te.
Por isso repito-o em todas as línguas do mundo.
Para que o sintas todos os dias da tua vida.
 
Amo-te.
A mais bela palavra do mundo.
Abre portas, conquista corações, termina guerras, une vidas.
Nunca será demais repeti-la.
Amo-te.
Amo-te sempre e de todas as maneiras.
E amo-te em todas as línguas do mundo.
 
Dormir é o desejo de todas as crianças que conhecem a existência da Cidade dos Sonhos… Enquanto o corpo recupera as forças gastas ao longo do dia, toda a criança bem comportada voa até à cidade mágica, a cidade guardada e protegida por Sebastião Afia-Lápis e o enorme gato Eça.
Por vezes, o número de crianças que visita a cidade diminui e Sebastião, um anjo sem asas, tem de ir descobrir o que andam as crianças a fazer na Terra.
Parte e deixa a Cidade dos Sonhos ao cuidado do gato Eça, que tem a missão de proteger a cidade da bruxa Borbulhaça.
Neste livro, Sebastião tem de ensinar algumas regras para as crianças se portarem bem e voltarem a visitar a Cidade dos Sonhos, a bela e divertida cidade que está escondida no lado oculto da Lua.

Saga Liberté (Monny Esmerallda)

Viviam-se os tempos da luta pela abolição da escravatura... mas havia quem quisesse que tudo ficasse igual. É, por isso, em cenário de conflito e de mudança iminente que os caminhos de Simão e Luzia se cruzam. Com alguns segredos no seu passado e, por vezes, contra muitos dos que os rodeiam, ambos acreditam no direito à liberdade e estão dispostos a lutar por ele. Mas os inimigos são poderosos e algo de grave está para acontecer...
É na mensagem que está o grande ponto positivo deste livro. Do direito universal à liberdade, mas também das lutas quotidianas e da importância de seguir as próprias convicções e não o caminho apontado pelos outros trata esta história que, apesar de relativamente simples, surge com uma mensagem muito forte. Mensagem que se torna tão mais evidente quanto mais dramáticas são as situações em que se encontram os protagonistas deste romance: Simão, na necessidade de questionar os actos do pai, Luzia, na ambiguidade da pertença a um mundo cujas verdadeiras ligações desconhece. É nos grandes momentos que os contrastes se evidenciam e nas grandes escolhas que se reflectem os valores. E é isto o que de melhor se encontra neste livro.
Talvez por ser uma história que levanta várias questões importantes, fica a impressão de que a abordagem ao tema poderia ser bastante mais desenvolvida. A escrita é relativamente simples e sem grandes descrições, ficando a visão do cenário como algo um pouco vago. E há acontecimentos e resoluções que parecem acontecer de forma um pouco apressada. O essencial está lá, ainda assim, mas seria interessante ver um maior desenvolvimento para o que é uma ideia essencial muito interessante.
Trata-se, portanto, de uma história que apela à reflexão e que representa uma visão bastante interessante de tempos conflituosos e da defesa dos grandes valores, escrita de forma simples, mas de leitura agradável, e com alguns momentos muito bem conseguidos. Fica, contudo, a impressão de que mais haveria a desenvolver sobre o tema.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Era Uma Vez Uma Estrela

E se uma estrela surgisse para mudar a vida de alguém? Nas histórias das quatro autoras que fazem parte desta antologia, é isso que acontece. Cenários diversos e diferentes abordagens definem histórias onde o romance é o elemento essencial e onde um toque de magia surge para tornar as coisas mais... interessantes.
Para Sempre, de Nora Roberts, conta como uma jóia comprada numa pequena loja arrasta a sua compradora para os braços de um homem em luta com o seu destino. Cativante, com o o toque certo de magia e bastante de romance, este conto cativa principalmente pelo cenário enigmático, bem como pela interessante abordagem à interferência das lendas na relação entre o casal protagonista. De leitura agradável, com um bom equilíbrio entre o lado romântico e o toque de sensualidade, uma leitura envolvente, com a medida certa de emoção.
Segue-se Estrela Cadente, de Jill Gregory, história de uma princesa forçada a casar com um guerreiro de reputação brutal para salvar o seu reino. Com um início intenso e uma escrita envolvente, é também um conto de leitura agradável, apesar de alguns momentos mais previsíveis. Algumas situações divertidas conferem leveza à narrativa e a forma como nenhum dos protagonistas se resume àquilo que parece ser torna a história um pouco mais complexa, crescendo em intensidade numa fase mais avançada onde se definem as medidas certas de drama, acção e romance, culminando num final de deixar o leitor com um sorriso nos lábios.
A Maldição do Castelo de Clough, de Ruth Ryan Langan, conta a história de um lorde em dificuldades financeiras e da representante enviada por uma leiloeira para avaliar os seus bens. Numa história que cativa desde o início, a situação de Rob desperta uma empatia que se intensifica pelo valor da sua personalidade, e a forma discreta como Estelle entra no seu mundo dá naturalidade ao definir da relação. Destaca-se também o tom de mistério e a forma como, num cenário de perda iminente, a relação entre os protagonistas se desenvolve de forma gradual. Ainda de referir a intervenção do fantasma, a dar à narrativa um toque de ternura, num ambiente onde a intriga é soberana. De leitura agradável, com um enredo cativante e um final intenso, este é, de longe, o melhor conto do livro.
Por último, Noite Estrelada, de Marianne Willman, conta a história de uma mulher perdida numa noite tempestuosa e do encontro com o seu estranho salvador. Intrigante, com um início misterioso e algo introspectivo, dando lugar a uma revelação surpreendente. Algo descritivo e com um tom que é, nalguns momentos, distante, a grande força deste conto está na forma como o invulgar casal protagonista se relaciona, mantendo em aberto a dúvida de quanto do vivido será real. Cativante e com algumas surpresas interessantes, uma boa leitura.
Romance e magia, intriga e emoção, temor e amor... nas medidas certas, fazem do conjunto destas quatro histórias uma leitura agradável, com bastante de emoção e umas quantas surpresas que mantêm constante a envolvência da leitura. Fica a curiosidade em ler mais destas autoras.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Sobrinho do Mágico (C.S. Lewis)

Diggory mudou-se para a casa do tio devido à doença da mãe, mas há algo de estranho naquela casa. Muitas vezes, o tio fecha-se numa divisão onde ninguém pode entrar e ninguém sabe o que fará naquela divisão. Mas, um dia, e na companhia da sua nova amiga, Diggory acaba por entrar, sem querer, naquela divisão e fica a saber, da pior maneira, que o tio Andrew é um mágico e que precisa de cobaias para enviar para outros mundos. Assim começa uma aventura entre mundos, onde a curiosidade tem consequências e, de um mal inconscientemente despertado, surgem as primeiras interacções com Narnia, um mundo recém-criado.
Cativante desde as primeiras páginas, e com muito para descobrir apesar de ser um livro relativamente curto, O Sobrinho do Mágico tem na inocência que parece transparecer de toda a história um dos seus grandes pontos fortes. Com uma curiosidade insaciável, Polly e Diggory acabam por se envolver nalguns problemas, mas nenhum dos males causados o é com intenção. E é aos olhos desta inocência que os contrastes se definem. Da necessidade de supremacia de Jadis à quase ternura de Aslan, há uma linha clara a definir o bem e o mal, mas ambos têm os seus vários cambiantes. E, numa história de inícios e de descobertas, a aprendizagem dos valores é também o que dá força à mensagem deste livro.
Se são as personagens que mais marcam, há, ainda assim, bastante mais para descobrir na aparente simplicidade desta história. A criação de Narnia através da música, o mistério que se insinua na natureza de Aslan e até a forma como esta história se ligará com os restantes livros da série são aspectos desenvolvidos de forma interessante e cativante, com uma escrita agradável e onde se destaca a beleza das descrições.
História de aventura e de descoberta, início de um mundo com muito para explorar e desenvolvimento de valores em crescimento, este é um livro que não perde nada com a brevidade. Emoção, aventura e reflexão nas medidas certas, numa leitura fascinante. Muito bom.

Não Fomos Nós Dois (Tiago Gonçalves)

Incapaz de se enquadrar na sociedade em que se encontra, Júlio procura uma terapeuta. Mas Mafalda, com uma visão do mundo tão diferente da sua, toca-o de uma forma bastante mais profunda que a da simples relação profissional. E o sentimento parece ser recíproco. Acompanhando o ponto de vista de ambos os protagonistas, Não Fomos Nós Dois é a história das suas impressões, emoções e convicções... e como os seus caminhos se unem e separam de forma tão simples quanto marcante.
Um dos primeiros elementos a surpreender nesta leitura é a escrita. Num estilo muito próprio e peculiar em que, mais que uma linha narrativa (que existe, ainda assim), pensamentos e circunstâncias parecem surgir ao ritmo do impacto que exercem sobre os seus protagonistas. Mais que o contacto entre paciente e terapeuta, ou até mais que as relações que estes estabelecem para além do contacto entre ambos, cada acontecimento serve de base para uma avaliação dos seus valores e das suas reflexões. E é aqui que o contraste se define, já que, com tão diferentes posturas perante a vida, Júlio e Mafalda pertencem, apesar da relativa atracção, a mundos diferentes.
Trata-se de uma história relativamente breve, onde os acontecimentos passam para segundo plano ante convicções e emoções. Ainda assim, esta quase ambiguidade dos acontecimentos resulta inesperadamente bem. Na brevidade do texto, surgem contrastes e pensamentos que poderiam pertencer a qualquer um e isso basta para construir uma empatia que se torna mais forte pelo final inesperado. É certo que seria interessante ver mais sobre este duo de protagonistas, mas o essencial está lá.
Breve e com muito de pessoal, esta é uma história que, de leitura rápida e com um estilo de escrita muito próprio, fica na memória principalmente pela força das reflexões. Cativante e agradável, gostei.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Momentos 100tidos (Nuno Marques)

Bastante pessoal e evocando imagens bastante interessantes, transparece, na essência, deste conjunto de poemas a força dos sentimentos. Da simplicidade com que o sujeito poético evoca as suas emoções a uma visão do mundo muito particular, passando pelas experiências, pelas ânsias e pelas esperanças, há uma relativa diversidade temática ao longo deste livro, mas também um ponto de união: tudo é sentimento. Tudo é o sentimento do autor.
Com uma escrita aparentemente simples, mas construindo algumas imagens surpreendentes, há na poesia do autor uma liberdade que transparece numa estrutura que se define ao ritmo do conteúdo. Raramente há rima e a métrica varia consoante o ritmo que a mensagem impõe. Porque é, afinal, a mensagem que marca, as reflexões e as emoções que transparecem em cada poema.
Há uma certa melancolia em vários dos poemas deste livro, mas há também uma esperança que se insinua. Visões de afectos, de lutas pessoais, de crescimento, de um olhar perante o mundo. Há um sujeito poético que quase se define como protagonista, mas sem anular a diversidade de temas e de formas de viver cada momento. Unidade e diversidade, portanto, num livro breve, mas onde vários poemas deixam a sua marca.
Feito essencialmente de emoções, é para o leitor que se identifique com estes sentimentos que este livro será mais marcante. Há, ainda assim, bastante de interessante para descobrir em cada poema, quer pela forma como algumas imagens são evocadas, quer pela relação que diferentes temas podem construir com um mesmo complexo indivíduo. E é isto que mais cativa neste livro.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Angola - O Horizonte Perdido (António Coimbra)

Cresceu na relativa pobreza que era comum nas aldeias daquele tempo. Tinha uma curiosidade insaciável, mas, devido às dificuldades, a ideia de continuar a estudar mal lhe passou pelo pensamento. O sonho era o de ir para Angola, aquele lugar distante que era a promessa de uma vida melhor. E o sonho tornou-se real. A vida era de trabalho, mas também de sonho e de alegria. Mas aproximavam-se tempos conturbados e as consequências da guerra acabariam por se fazer sentir. Esta é a história do Tonito do Paço, criança que se tornou adulto, que sonhou, amou, sofreu... que construiu a vida com Angola no coração e com a determinação de superar todas as dificuldades.
De ritmo pausado e com uma forte componente descritiva, é precisamente na caracterização detalhada que reside um dos aspectos mais interessantes deste livro. Das dificuldades de se crescer numa aldeia pequena às consequências da guerra, passando pela descoberta pessoal dos afectos e o crescimento individual para a idade adulta, cada momento é apresentado com muita atenção às circunstâncias, desenvolvendo tanto a relação pessoal do protagonista com o mundo em seu redor como o contraste entre os diferentes cenários e as mudanças operadas com a passagem do tempo.
Não é uma leitura compulsiva, já que as muitas descrições impõem à narrativa um ritmo lento. Trata-se, ainda assim, de uma leitura envolvente que, com o desenvolver do enredo, se torna mais e mais cativante à medida que cresce a empatia para com o protagonista, desenvolvida também a partir dos momentos mais emotivos da sua história.
História de luta, de guerra e de desilusão, esta é, acima de tudo, a história de um homem a encontrar o seu lugar no mundo. Cativante, ainda que pausado, e com algo de pessoal que apela à empatia a complementar o muito que apresentado para reflectir, uma história que fica no pensamento bem depois de concluída a leitura.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Parasite Positive (Scott Westerfeld)

Uma noite com uma mulher misteriosa... e tudo mudou. Cal Thompson é agora portador de um parasita que provoca sintomas próximos aos do vampirismo. Agora, a sua missão é encontrar e capturar as raparigas que infectou para impedir que propagem a doença. Mas quando o seu alvo passa a ser a mulher que lhe transmitiu o parasita, a situação revela-se bastante mais complexa e o seu verdadeiro papel talvez esteja bem distante do que surge no seu pensamento...
Algo que se nota nos diferentes livros deste autor é a forma como há sempre algo para aprender. Neste caso, os conhecimentos a nível de parasitologia são precisos e com vários detalhes interessantes, funcionando como um bom complemento para o enredo que, feito de acção abundante e com a medida certa de emoção, cedo se torna viciante e assim se mantém até à última página.
Também nas personagens há bastante de interessante para descobrir, quer no que se revela das suas personalidades, quer na forma como reagem a um mundo em vias de mudar. Cal, com o seu papel a tornar-se diferente do que julgava, surge como uma figura inesperadamente adulta para as suas circunstâncias. E, ao lidar com os seus "superiores" e com a tarefa que lhe é atribuída, nunca deixa de revelar o seu próprio sentido de iniciativa. E Lace, determinada e persistente, surge como o complemento perfeito para a sua personalidade.
No que toca ao desenvolvimento dos vampiros - porque é, afinal, disso que se trata - o autor consegue criar um sistema diferente, com uma base muito interessante a nível de biologia, e numa série de possibilidades que vai evoluindo para um final que, deixando bastante em aberto para o livro seguinte, não deixa, ainda assim, de surpreender.
Cheio de acção, com personagens cativantes e um sistema muito bem construído, Parasite Positive constitui uma muito interessante recriação do mito vampírico. Viciante, com um toque de emoção e algo para reflectir, um livro muito bom.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Peto (Paula Cairo)

O Peto viveu doze anos na rua onde foi deixado ainda bebé. Passou por muitas experiências difíceis, foi ferido, passou fome. Recebeu ajuda de algumas pessoas e chegou a ser recolhido para, por uma ou outra razão, voltar a ser abandonado. Até ao dia em que a autora deste livro o adoptou. Estas são as histórias dos bons momentos, mas também dos difíceis, que Paula passou com Peto, histórias com uma boa medida de emoção, mas também com uma visão bastante forte de certas situações e pessoas.
Ler este livro deixou-me com sentimentos ambíguos. Se há algo que transparece em cada um dos textos deste livro é o amor aos animais. O primeiro texto basta para comover o leitor e, ao falar da sua relação com os animais de uma forma directa, intensa e emotiva, a autora deixa a sua marca. É evidente, na sua relação com Peto, mas também com os outros animais com que se cruzou na sua vida, um forte afecto e também uma luta incessante para ajudar o máximo possível. E é este afecto genuíno, esta amizade sem limites que transparece na forma como a autora fala dos seus animais de estimação, que deixa uma marca muito positiva.
Tudo muda quando a reflexão diz respeito às pessoas. São compreensíveis, tendo em conta algumas das experiências relatadas, as opiniões mais negativas sobre quem terá protagonizado esta experiência. Mas o que acontece ultrapassa essa opinião negativa. A forma severa (e, por vezes, um pouco agressiva) como a autora se refere aos envolvidos nessa experiência ultrapassa os seus protagonistas, alargando-se a empresas de uma área específica ou  a toda uma classe profissional e, por vezes, parece estender-se até a quase toda a humanidade. A impressão que fica é a de que nesses momentos, se julga o todo pelas partes conhecidas, resultando numa visão global negativa (e algo injusta).
Fica, pois, das histórias relacionadas directamente com Peto, uma impressão muitíssimo positiva (a força emocional do afecto, aliada à história de um cão que surge como um companheiro fascinante), mas que se perde, em parte, devido à forma algo excessiva como as pessoas são referidas. E é pena, porque há muito de maravilhoso nas "aventuras" de Peto.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Tormento (Lauren Kate)

Mais uma vez, tudo muda na vida de Lucinda Price. Protagonista de um romance repetido ao longo de inúmeras vidas, o seu papel num futuro que se avizinha tormentoso é algo que mal consegue vislumbrar. Os que, supostamente, a tentam proteger, não apresentam quaisquer explicações e esperam simplesmente ser obedecidos com o argumento de que é "para o seu bem". E, no novo ambiente do colégio de Shoreline, longe de um amor que, apesar de eterno, leva Luce a questionar muitas coisas, a impressão de que há algo mais que não lhe estão a dizer torna-se cada vez mais certa.
Escrita simples e uma boa medida de emoção são alguns dos pontos fortes deste livro que, dando continuidade aos acontecimentos de Anjo Caído, apresenta também algumas mudanças. Novos inimigos, um ambiente central bastante diferente do do livro anterior e uma aprendizagem mais focada no sobrenatural surgem como pano de fundo para um maior crescimento de Luce. E há dois elementos que se destacam nesta evolução: primeiro, todo o desenvolvimento em torno dos Anunciadores, do que representam e do que podem significar para alguém como Luce; segundo, e principalmente, a convivência com outras pessoas que conseguem cativar o coração da protagonista, em contraste com o romance supostamente destinado a acontecer, mas que parece antes desencadear mais e mais conflitos, levam a que Luce ganhe uma nova perspectiva da sua vida e do mundo que a rodeia.
O que me leva a Daniel. Se é certo que as circunstâncias são complexas e que o comportamento de Daniel ao longo da narrativa serve um objectivo - o de manter o mistério em redor de Luce e do seu verdadeiro papel em toda a guerra dos sobrenaturais - também é verdade que a sua posição dificulta que se crie qualquer empatia. Na sua atitude super-protectora e algo dominante, Daniel acaba por opor aos momentos mais emotivos uma atitude algo revoltante de quem espera ser obedecido apenas porque as suas intenções o justificam (mantendo, ainda assim, tudo o que sabe e quais as razões que o movem no mais absoluto segredo). Claro que isto serve também para o crescimento de Luce: ao sentir-se menosprezada e ignorada, acabará por descobrir o caminho para tomar as suas próprias decisões. Fica, contudo, destes momentos a impressão de que o amor no centro da narrativa não é tão  claro quanto seria de esperar.
Ainda de referir a forma como tudo termina. Deixando, como seria de prever, muitas perguntas sem resposta acerca da guerra entre anjos e demónios, bem como muitos novos aspectos cujas verdadeiras dimensões são apenas vagamente abordadas, o final tem, ainda assim, bastante impacto, pela possibilidade de um novo ciclo que se insinua na escolha de Luce, escolha que reflecte também o crescimento - e a determinação de ditar as suas próprias regras - que, lentamente, se foi desenvolvendo ao longo deste livro.
Cativante principalmente pelo desenvolvimento de aspectos como os Anunciadores, bem como pelo mistério que se vai tornando mais e mais estranho em torno de Luce, Tormento marca principalmente pelo crescimento da protagonista e pelos novos elementos sobrenaturais a surgir. Fica, portanto, a curiosidade em saber o que virá depois. 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O Beijo da Meia-Noite (Lara Adrian)

Celebrando o sucesso da sua última exposição, Gabrielle Maxwell e os amigos decidem passar algumas horas numa discoteca. Mas o que parece ser apenas uma saída inocente será o início da mudança na vida de Gabrielle, primeiro devido ao olhar intenso de um desconhecido, depois ao presenciar uma luta que cedo toma dimensões inesperadas. É que, mais que presenciar um homicídio, Gabrielle vê criaturas que não podem ser reais no mundo que conhece. Mas são. E é graças a esse momento que Lucan Thorne entra na sua vida e lhe revela as circunstâncias de uma guerra entre vampiros - e o porquê de Gabriel se sentir de parte no seu mundo.
É interessante a forma como este livro evolui de um início bastante centrado no casal protagonista e com uma forte componente de sensualidade e atracção física para um enredo bastante mais amplo, em que o mundo conhecido de Gabrielle e o estranho mundo de Lucan entram em colisão. Passada a fase inicial de uma atracção aparentemente inexplicável - e, em parte, potenciada pelo medo - a autora passa a desenvolver a forma de vida de ambos os protagonistas, não se limitando à relação entre ambos. Gabrielle tem os seus amigos e a sua profissão. Lucan tem o seu papel na Ordem, as lealdades e conflitos para com os seus guerreiros e o seu próprio demónio interior. Os contrastes entre estes dois mundos, bem como a forma como se ligam, permitem o desenvolvimento de um enredo que, tendo o romance como elemento essencial, não se fica apenas por aí. 
É certo que há bastantes aspectos que não são completamente explicados, mas isso não deixa de fazer sentido, tendo em conta tratar-se do primeiro volume de uma série. Ainda assim, e a partir do momento em que a história se abre para o mundo em redor dos dois protagonistas (desenvolvendo elementos como a guerra entre a Raça e os Renegados e revelando aspectos da história dos outros guerreiros), há bastante para descobrir no mundo criado pela autora e a narrativa cresce em intensidade, tanto a nível de acção como de momentos mais emotivos.
Com o romance como foco principal, mas desenvolvendo elementos interessantes para além dos protagonistas e desenvolvimento da relação entre eles, O Beijo da Meia-Noite é, em suma, uma leitura envolvente, com momentos muito bem conseguidos e um agradável equilíbrio entre acção e emoção. Gostei.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Selo do Sultão (Jenny White)

Quando o cadáver de uma mulher inglesa usando um pendente com o selo do sultão é descoberto em Istambul, um outro caso por resolver vem à memória. Hannah Simmons, governanta no harém real, foi encontrada morta em circunstâncias muito semelhantes. Mas não se investiga o palácio sem que as consequências se façam sentir e, Kamil, o magistrado responsável pelo caso, cedo aprenderá essa dura lição. Entretanto, os seus caminhos cruzam-se com os da filha do embaixador britânico, uma jovem com um impulso por intervir na investigação. E há ainda uma outra história a surgir na narrativa, a de uma jovem muçulmana com uma vida familiar mais complexa do que, à primeira vista, poderia parecer...
É difícil, a princípio, entrar no ritmo deste livro. Isto deve-se em grande parte à multiplicidade de elementos, personagens e até formas de narrar os acontecimentos que se cruzam numa fase muito inicial da narrativa. As cartas de Sybill e a narrativa na primeira pessoa da jovem Janaan contrastam com o tom pausado e bastante descritivo das investigações de Kamil. Além disso, as ligações entre estes três elementos demoram a fazer-se notar. Tudo isto faz com que a impressão inicial seja de estranheza, pelo menos até ao momento em que as personalidades e as ligações das várias personagens começam a definir-se.
Passado esta fase mais confusa, a história torna-se bastante mais interessante. É certo que, para uma investigação de homicídio, as coisas decorrem com bastante menos urgência do que seria de esperar, mas a intriga adensa-se, as relações revelam-se bastante mais complexas do que pareciam e a investigação do homicídio - ou dos homicídios - acaba por servir de base para uma caracterização bastante detalhada da sociedade Otomana. 
Nunca se torna uma leitura compulsiva. Os diferentes pontos de vista e a considerável componente descritiva estabelecem um ritmo que, ganhando intensidade com o evoluir do enredo, nunca deixa, ainda assim, de ser algo pausado. Cria-se, apesar disso, uma certa empatia com algumas das personagens e a forma como os mistérios se solucionam, com uma certa medida de ambiguidade, mas também de forma surpreendente, fazem com que a globalidade da narrativa seja, afinal, satisfatória.
Em parte investigação de um crime, mas principalmente relato de intrigas no seio de uma sociedade complexa, este é um livro que, apesar de exigir uma certa medida de paciência, surpreende pelos pormenores interessantes, bem como por um enredo que, após um início algo confuso, acaba por se revelar muito interessante. Uma leitura agradável, em suma.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Ema (Jane Austen)

Ema Woodhouse sempre achou que tinha um talento para casamenteira, ainda que ela própria estivesse decidida a nunca casar. Mas quando toma como missão pessoal arranjar um bom casamento para a sua amiga Harriet Smith, as confusões e os mal-entendidos parecem demonstrar que as suas impressões sobre a sociedade que a rodeia nem sempre são absolutamente certas. E, entre as possibilidades de um par para Harriet, a conveniência e a etiqueta da convivência social e a entrada em cena de novas figuras, Ema nem sempre vê o que está bem perto de si e os sábios conselhos de Mr. Knightley nem sempre são interpretados como deviam.
Um elemento que sempre se destaca nos livros desta autora é o preciso e detalhado retrato da sociedade da época. As pequenas intrigas, os amores e ódios de estimação na convivência social, a hierarquia que se estabelece através dos grandes nomes e das grandes fortunas e, claro, a necessidade de uma certa equidade quando uma relação se estabelece são apenas alguns dos aspectos abordados neste livro. E tudo é feito com muito pormenor, tanto a nível de situações que revelam o carácter de certas personagens (e aqui Mrs. Elton surge como um perfeito exemplo de uma personalidade capaz de entrar em choque com tudo o que parece definir um quotidiano normal), como do próprio modo de pensar das figuras principais deste livro.
Não se trata, portanto, de uma leitura compulsiva. Há muitos pormenores para assimilar, muitas personagens para conhecer - e estas personagens revelam-se tanto nas pequenas atitudes ao longo do extenso convívio com a sociedade circundante como nos grandes momentos da narrativa - e toda uma série de acontecimentos e mudanças que se vão desenvolvendo de forma muito pausada. Mas são também estes elementos que tornam a leitura interessante já que, mais que uma história de romance e casamento, é o retrato social que se destaca. E é o pormenor que faz com que este retrato seja tão completo.
Trata-se, portanto, de um livro que exige tempo, atenção e uma certa dose de paciência para assimilar todos os pequenos detalhes que vão sendo apresentados. Mas, é também destes pormenores, aliados a uma história que é, afinal, também de crescimento e de descoberta para a sua protagonista, que é feita esta história com tanto para descobrir.

Novidade Europa-América

Título: Cura
Autor: Robin Cook
Colecção: Obras de Robin Cook
Preço: 19.75¤
Pp.: 368

Agora que o neuroblastoma, potencialmente fatal, que tomou conta do seu filho parece estar em plena remissão, a médica legista de Nova Iorque, Laurie Montgomery, volta às suas funções, no Gabinete de Medicina Legal, onde trabalha há mais de duas décadas.
Preocupada com a incerteza de ainda ter, ou não, capacidade para o seu trabalho depois da longa ausência, Laurie depara-se com um primeiro caso, que é nada menos do que um puzzle altamente perigoso e da maior importância, que envolve o crime organizado e duas empresas recém-criadas de biotecnologia, num jogo de audazes. Apesar dos conselhos e avisos dos seus colegas e do seu marido, o também colega Jack Stapleton, Laurie está determinada a resolver o mistério que este caso representa.
Satoshi Machita, um ex-investigador da Universidade de Quioto, é o detentor de uma patente extremamente valiosa que diz respeito às células estaminais induzidas pluripotentes, que serão a base para a construção de uma indústria de triliões de dólares na área da medicina reconstrutiva. Quando este morre numa plataforma do metropolitano de Nova Iorque, cheia de pessoas, Laurie terá de decidir se a sua morte se deve a causas naturais, ou a algo… mais diabólico.
Nas sombras, escondem-se pessoas que gostariam de ver Laurie bem longe da morte de Satoshi. Apesar das ameaças que recebe, ela insiste, até que estas começam a tornar-se bem reais e afectam a pessoa que ela mais ama no mundo: o seu filho J. J.
Subitamente, Laurie não terá outra escolha senão resolver o crime e salvar o filho.

O Dr. Robin Cook é um prestigiado médico norte-americano, especializado em Oftalmologia, doutorado em Harvard. É reconhecido como o fundador do género literário «thriller médico» e há trinta anos que se mantém como o autor de maior sucesso deste género a nível mundial. Este é o seu 30.º livro publicado na Europa-América.

Contos Natal

Mais um pequeno livro que reúne contos de diferentes autores, desta vez sob a temática do Natal. Diferentes estilos de escrita e formas de construir uma narrativa, mas que têm em comum, primeiro, a quadra em que decorrem e, depois, um tom estranhamente melancólico.
O primeiro conto é o sobejamente conhecido O Suave Milagre, de Eça de Queirós, história de como os ricos e os poderosos procuram, em tempos de necessidade, o auxílio de Jesus, mas de como este encontra entre os simples aquele que dele necessitava. Marcante principalmente pela mensagem de que nem tudo se consegue com dinheiro ou poder, um conto de ritmo pausado, mas belo e comovente.
Segue-se Missa do Galo, de Machado de Assis. Aqui, um hóspede é abordado pela dona da casa, enquanto espera pela hora da missa. Também pausado, mas com uma escrita cativante, fica por explicar qual o exacto propósito da conversa entre os dois protagonistas, ficando uma inevitável sensação de estranheza.
O Presente dos Magos, de O. Henry, fala de uma mulher que, em tempos de pobreza, sofre por não poder comprar um presente ao marido. Bastante descritivo, mas de leitura agradável e com algo de comovente, é, no fim de contas, com a sua mensagem de espírito de sacrifício, um conto um pouco triste.
O mesmo se passa com A Consoada, de Carlos Malheiro Dias. História de um roubo em noite de consoada, trata-se de uma ideia muito simples, mas construída de forma cativante e com uma grande força emocional. Uma história triste, é certo, mas também feita de uma estranha ternura.
Por último, A Árvore de Natal, de Fiódor Dostoiévski, apresenta uma festa de Natal da casa de um grande homem de negócios. Cativante, ainda que sombrio na visão de uma sociedade onde o interesse comanda a vida, tem também um ponto curioso na forma como os presentes de cada criança reflectem a sua posição social. Marcante, um conto para pensar.
Breve, feito de histórias curtas, mas belas tanto em conteúdo como em forma de escrita, fica destes contos uma certa melancolia, mas também aquela medida de ternura que não é apenas natalícia, mas que pertence (ou assim devia ser) a todo o ano. Gostei.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Tu És o Meu Coração (Alan Lazar)

Esta é a história de Nelson, um sobrevivente. A história de um cachorrinho que, de aventura em aventura, perdeu e recuperou muito do que julgava seu sem perder a força para persistir e o muito amor que tinha para dar. Desde os dias felizes junto da mãe ao tempo passado numa loja de animais com um dono desagradável, e depois para a descoberta do seu Grande Amor (a primeira dona), seguida de um desaparecimento repleto de aventuras e de novos conhecimentos. Esta é uma história de afecto, de ternura e, principalmente, de lealdade... canina.
Algo que, por vezes, acontece nos livros sobre cães - principalmente, quando são histórias verídicas - é que a história não é tanto a do cão, mas a do dono e do que faz com o cão, para o cão ou pelo cão. É, por isso, curioso encontrar um romance como este, em que o cão é, em todos os aspectos, o protagonista. Não só Nelson é a figura principal dos acontecimentos como muitos desses mesmos acontecimentos são vistos da sua perspectiva. E é isso que torna este livro diferente: as experiências do cão são desenvolvidas do ponto de vista de um cão, com cheiros, interacções e brincadeiras apresentadas segundo o que significam para Nelson - e não para os que com ele convivem.
Se esta forma de construir a narrativa torna a leitura um pouco mais pausada, principalmente devido à quase total ausência de diálogo, também faz, por outro lado, com que a empatia para com o cão seja mais forte. E não só pelas experiências do cão, mas pelas suas percepções das pessoas - e dos animais! - com quem vive. O amor de Katey, mas a progressiva destruição do seu casamento, a doença do velho, a ternura por Lucy, a complexa hierarquia dos lobos... Tudo isto é desenvolvido do ponto de vista de um cãozinho persistente, mas em dificuldades, e a visão global é terna e marcante.
Cativante, ainda que com um ritmo um pouco lento, este é, portanto, um livro que marca sobretudo pela ternura que transparece do longo e duro percurso do pequeno Nelson, bem como pela sua lealdade inabalável. Terno e marcante, uma boa leitura para quem gosta de animais.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Liszt - Vida e Obra (Malcolm Hayes)

Considerado por muitos o maior pianista de sempre, e com uma obra musical vasta e fascinante, Liszt foi uma das figuras essenciais da sua época. Com uma vida atribulada, com fases de uma presença quase triunfal, momentos de um retiro quase completo e uma vida amorosa quase complexa, o percurso do compositor terá sido parte fundamental para o vasto fascínio da sua música. O que este livro apresenta é o percurso da sua vida nas suas diferentes fases, bem como a obra que nasceu dessas diferentes posições perante a vida.
Um dos pontos fortes deste livro é, sem dúvida, a forma como está organizado. Definindo as diferentes fases do percurso de Liszt, e referindo a obra construída em cada uma dessas fases de vida, é possível vislumbrar a influência da vida na obra, ao mesmo tempo que o protagonista dessa vida fascinante vai sendo dado a conhecer. Pelos seus afectos, pelas desilusões, pelo seu retrato aos olhos do mundo, mas também pela convivência e apoio para com outros compositores, pela descoberta de uma espiritualidade religiosa vivida de uma forma muito própria e por uma melancolia que se foi insinuando na sua vida e que se reflecte da música. Todos estes aspectos de uma vida complexa são referidos e o autor apresenta-os de forma clara, percorrendo a vida de Liszt nas suas diferentes experiências e tornando-a, de certa forma, próxima ao apresentar vários excertos da correspondência do compositor.
Sendo uma biografia bastante esclarecedora, é também interessante notar que todos os elementos e pormenores apresentados propiciam a uma maior compreensão da música de Liszt. É fácil, aliás, ouvindo os cds que acompanham esta edição, associar a maravilhosa diversidade da obra à experiência dos seus diferentes períodos de vida. Trata-se, portanto, de uma leitura que permite apreciar a obra de Liszt de uma forma diferente e também este é um ponto favorável a uma obra que é, por si só, muito interessante.
Fica, pois, desta biografia a impressão de um livro que, escrito de forma cativante e que, apesar de relativamente sucinto, apresenta uma visão bastante completa da vida e obra de Liszt, será uma leitura muito interessante para os apreciadores de música clássica. Gostei.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Brilho de Bruxa (L.J. Smith)

Keller é uma jovem mutante, capaz de se transformar em pantera. A sua missão é encontrar o terceiro Poder Indomável e levá-lo até ao Círculo da Aurora. O objectivo deste grupo é salvar os humanos do caos que se avizinha e que deixará o mundo à mercê das criaturas da noite. O problema é que o Poder Indomável - que é também descendente de uma antiga linhagem de bruxas e de quem se espera que estabeleça um compromisso com o varão da Primeira Casa dos mutantes - é uma rapariga assustada que nada sabe da sua natureza ou de qualquer poder no seu interior. E quando Galen, o seu suposto prometido, entra em cena, há algo em toda a situação que abala a habitual insensibilidade de Keller.
Tal como nos livros anteriores desta série, é interessante notar as mudanças que vão ocorrendo nas personagens principais. Sendo um livro bastante centrado na acção, em que o desenvolvimento a nível de personalidades não é particularmente elaborado e onde a escrita é bastante simples e directa ao essencial, é curioso ver como, ainda assim, a postura das personagens perante o mundo muda com o decorrer da sua aventura. Isto é particularmente evidente em Keller. Determinada a manter a sua aparente insensibilidade, numa atitude por vezes agressiva, Keller é uma protagonista que, numa fase inicial, dificilmente despertará empatia, mas que apresenta uma certa medida de evolução com o decorrer da narrativa, revelando algo da sua verdadeira natureza.
Quanto ao enredo, não é difícil imaginar, tendo em conta os volumes anteriores, que há uma certa medida de romance a decorrer. Este é, ainda assim, secundário aos acontecimentos em curso e é, de facto, a acção que se destaca. Além disso, e contrariamente aos primeiros volumes, há agora uma perspectiva mais global para a linha dos acontecimentos. Todo o desenvolvimento em torno dos Poderes Indomáveis e da guerra a decorrer entre os diferentes seres do Mundo da Noite leva a que os acontecimentos ganhem uma maior importância, já que há algo de mais complexo em curso.
Com uma história simples, de leitura leve e sem grandes elaborações a nível de escrita, Brilho de Bruxa é, em suma, um livro que, não sendo muito complexo, cativa e entretém, deixando, mais uma vez, a curiosidade em descobrir o que virá depois. Por tudo isto, uma leitura agradável.

Kiss Me Deadly

Aventura, romance e sobrenatural. São estes os elementos essenciais das treze histórias que compõem este livro organizado por Trisha Telep. E é com uma introdução da autora, curta, simples, mas um tanto ambígua que abre esta antologia de contos onde diferentes seres sobrenaturais convivem, em diferentes medidas de afecto e rejeição, com os habitantes do mundo real.
O primeiro conto é The Assassin's Apprentice, de Michelle Zink, história de uma rapariga determinada a matar o demónio que lhe assassinou os pais, bem como do seu encontro com um protector inesperado. Escrito de forma simples, mas cativante, marca principalmente pelo contraste entre a protagonista um pouco irresponsável e o seu carismático protector. Interessante, apesar de alguns momentos um pouco apressados.
Segue-se Errant, de Diana Peterfreund. Tendo como ponto de partida uma cerimónia familiar que envolve a morte de um unicórnio, bem como os dilemas da sua cuidadora, trata-se de uma história cativante, escrita de forma fluída e que tem como principais pontos de interesse a relação entre Gitta e o seu unicórnio, bem como a forma como esta ligação se relaciona com as intrigas da casa de Commarque, dando complexidade e emoção ao enredo. Também de referir a força dos contrastes e atritos entre Elise e Gitta, num bom exemplo dos efeitos negativos do preconceito. Um conto cheio de surpresas, em suma, com um final intenso. Muito bom.
The Spirit Jar, de Karen Mahoney, apresenta uma vampira com a missão de recuperar um livro raro, mas que vê o seu objectivo complicar-se ao cruzar-se com o estranho Adam. Envolvente, com uma escrita agradável - apesar de alguns momentos um pouco forçados, este conto tem o seu melhor no protagonista masculino cativante. Previsível nalguns momentos, trata-se, ainda assim, de uma leitura agradável e emotiva. 
O mesmo se poderá dizer de Lost, de Justine Musk, onde reflexões sobre um acontecimento traumático levam a protagonista a divagar por uma casa supostamente abandonada, mas onde alguém a espera. Uma ideia simples, mas desenvolvida de forma interessante, com uma escrita cativante e um toque de mistério.
The Spy Who Never Grew Up, de Sarah Rees Brennan, apresenta um agente secreto com o infeliz nome de código de 69 e um rapaz muito especial ao serviço de Sua Majestade. Divertido e curioso, este conto apresenta uma interessante (e invulgar) aventura para uma personagem sobejamente conhecida. Um pouco apressado nalguns momentos, mas uma leitura agradável, sendo particularmente interessantes as descrições sobre as mudanças na Terra do Nunca.
Dungeons of Langeais, de Becca Fitzpatrick, é um conto relacionado com a série Hush, Hush, e conta a história de um homem disposto a muito para abalar o anjo que lhe arrancou um duro juramento de fidelidade. Mais um conto cativante, bastante intenso e com um final algo ambíguo. Uma boa história.
Em Behind the Red Door, Caitlin Kittredge une três amigas, uma casa assombrada e o desafio de entrar como pontos base para uma história que, apesar de um ritmo pausado e de um tom bastante descritivo, tem uns quantos momentos interessantes. Demora um pouco a atingir a fase de maior intensidade, sendo, ainda assim, particularmente cativante o desenvolvimento das personagens, principalmente no elemento sobrenatural, com a sua noção disfuncional de amor. Ganha intensidade na fase final, culminando num final surpreendente.
Segue-se Hare Moon, de Carrie Ryan. Relacionada com a série A Floresta de Mãos e Dentes, esta é a história de uma rapariga que sonha quebrar as regras do seu mundo e conhecer a vida para lá dos portões. Uma história interessante, ainda que narrada num tom algo distante e com alguns acontecimentos a surgirem de forma um pouco abrupta, mas uma leitura agradável, ainda assim, com um final intenso e surpreendente.
Familiar, de Michelle Rowen apresenta uma relutante aprendiz de bruxa no momento em que escolhe o seu familiar, sem saber que o gatinho que lhe chamou a atenção não é apenas um gatinho. Cativante e divertido, este conto tem como elementos mais interessantes o facto de ambos os protagonistas serem sobrenaturais, bem como o modo de evolução para a relação entre ambos. Leve e com a medida certa de emoção, uma leitura interessante.
Um dos melhores contos desta antologia é Fearless, de Rachel Vincent. Trata-se da história de uma rapariga com poderes invulgares (e uma história difícil) e da sua estadia num reformatório. Escrita cativante, descrições impressionantes e uma muito boa construção para o poder da protagonista (e a forma como esta o manipula) são os pontos fortes de um conto intenso, envolvente, com uma muito boa caracterização do mundo sobrenatural e a mistura correcta de acção e de emoção.
Em Vermillion, de Daniel Marks, autoridade e sistema hierárquico no mundo dos mortos - e o que acontece quando as regras são quebradas - são desenvolvidas numa narrativa que, intrigante desde o início e com um ritmo algo pausado, cativa pelo interessante sistema desenvolvido, bem como pela curiosa rivalidade que cedo se manifesta entre as duas figuras femininas. Com um sentido de humor curioso, personagens cativantes e alguns momentos de grande tensão que culminam num final intenso, Vermillion é, em muitos aspectos, uma história bastante interessante.
The Hounds of Ulster, de Maggie Stiefvater, conta a história de dois músicos e da interferência de um ser sobrenatural. Com um ritmo cativante e de intensidade crescente, deixa algumas perguntas sem resposta. Tem, ainda assim, como pontos fortes, as referências à lenda de Cú Chulaiin e a descrição da paixão pela música. Misterioso, envolvente e com um final bastante intenso, uma leitura agradável.
Por último, Many Happy Returns, de Daniel Waters, parte de um acidente grave para desenvolver o que poderia acontecer caso os mortos regressassem. Cativante, com uma ideia base muito boa e uma visão comovente de como, perante a perda, é a esperança - qualquer esperança - o elemento essencial. Marcante, levanta algumas questões interessantes. Trágico e intenso, um final muito bom para esta antologia.
Fica, em jeito de conclusão, da leitura de Kiss Me Deadly, o balanço final de uma antologia que, tendo o romance como ponto de partida, desenvolve toda uma diversidade de temas, sistemas e variantes de afecto. Contos diferentes, com diferente impacto sobre o leitor, mas todos eles de leitura agradável fazem com que o balanço final desta leitura seja claramente positivo. Gostei, portanto.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Jesus, o Homem que era Deus (Max Gallo)

Naquele dia, aos pés da cruz, enquanto observava o suplício dos condenados, uma pergunta inconveniente surgiu nos pensamentos de Flávio, o centurião. E se aquele homem fosse, realmente, o filho de Deus? Abalado pelos prodígios, na vida e na morte, do homem que Pilatos intitulou de Rei dos Judeus, Flávio decide descobrir a história do homem que morreu na cruz. E, entre os seus discípulos, encontra a narração de uma das histórias mais conhecidas de sempre.
Há, inicialmente, duas histórias que se cruzam neste livro: a do crucificado e a do homem encarregado do seu suplício. E o que inicialmente parece ser uma viagem de descoberta para Flávio cedo se transforma na narrativa da vida do próprio Jesus. A figura de Flávio passa para segundo plano a partir do momento em que encontra as suas respostas. Então, é a história que procurava que ganha protagonismo, numa narrativa que, não acrescentando nada de particularmente novo ao narrado pelos evangelhos, marca, ainda assim, pela emoção e pelos valores que representa.
Não há nada de particularmente complexo a nível de escrita, simples, sem grandes elaborações, com diálogos muito semelhantes aos da narrativa bíblica. E, ainda assim, esta simplicidade parece resultar particularmente bem, por um lado, porque deixa aos grandes acontecimentos o papel de exercer o seu impacto sobre o leitor e, por outro, pela forma como a simples expressão de pensamentos, sentimentos e palavras permite conhecer, na sua total clareza, a mente dos protagonistas desta narrativa.
Narrativa de uma história por demais familiar, é pela simplicidade que contrasta com a força da mensagem, bem como pela emoção que transparece desse mesmo contraste, que este livro se torna cativante. Simples, mas emotivo e com uma escrita envolvente... Gostei.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Carrier of the Mark (Leigh Fallon)

A mudança para a Irlanda é apenas mais uma na vida de Megan, habituada a trocar de cenário consoante as oportunidades de trabalho do pai. Mas, desta vez, tudo parece ser diferente. Principalmente a partir do momento em que se cruza com Adam DeRís. Misterioso, com uma reputação familiar algo obscura e... também incapaz de desviar os olhos de Megan. Mas a atracção e a tentativa de lhe resistir não são apenas o factor comum a ambos os adolescentes. Há algo de sobrenatural que se insinua. E, de um momento para o outro, tudo pode mudar.
Há alguns elementos bastante interessantes neste livro, principalmente a nível dos desenvolvimentos no tema do sobrenatural. A forma como os poderes dos quatro elementos se manifestam, em particular, está bem conseguida, bem como algumas das explicações para a conjuntura que envolve Megan e a família de Adam. Não é uma abordagem particularmente nova, nem desenvolvida em grande profundidade, mas está na base dos momentos mais interessantes do livro, contribuindo para uma fase final relativamente cativante. Além disso, a escrita é relativamente simples, mas de leitura agradável, com alguns bons momentos de humor.
O que me leva ao grande problema. É que uma boa parte da história (correspondente a, talvez, metade do livro) é demasiado semelhante a outros livros do género, particularmente Twilight e Evermore. E não a nível de ideia geral. Situações como a da atracção instantânea, seguida de uma tentativa de evitar e, depois, da cedência e a viagem a casa de Adam para conhecer a família são, de facto, tão similares às de outras obras que a sensação de déjà vu se sobrepõe a tudo o que possa ser cativante na leitura. Isto melhora numa fase mais avançada do livro, mas a demora até chegar aos elementos realmente interessantes da narrativa (o aspecto sobrenatural da história só surge minimamente explicado por volta da página cem) faz com que seja difícil manter a envolvência da leitura.
Dito isto, não achei o livro completamente mau. A partir do momento em que a autora se centra mais nos elementos sobrenaturais, seguindo um rumo próprio para a sua história, a leitura torna-se bem mais interessante e, ainda que falte algum desenvolvimento, fica curiosidade em saber o que acontecerá a seguir. Pena que parte desse potencial se perdesse no enredo romântico já tão habitual...

Nota: Este livro foi-me enviado pela jen7waters. Obrigada!