quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Vampiro Lestat - vol. I (Anne Rice)

Depois de uma longa ausência do mundo dos vivos, Lestat desperta para uma realidade completamente diferente. O vestuário, os meios de transporte, a forma de vida dos mortais... tudo mudou. E, ao decidir tirar o máximo proveito das novidades do mundo, transformando-se numa estrela de rock, Lestat descobre também que Louis contou a um humano a sua história. Numa versão bastante desagradável. Lestat irá, pois, escrever a sua própria biografia, desde os seus tempos de mortal ao florescer da sua eternidade. E é essa a história deste livro.
De todas as múltiplas abordagens ao mito vampírico , quer na sua versão monstruosa quer na da figura atormentada e quase humanizada, é, dentro de tudo o que já li, nos vampiros de Anne Rice que se encontra uma das caracterizações mais profundas e complexas dos possíveis dilemas dos imortais. E isso reflecte-se claramente no Lestat apresentado neste livro, tão diferente do que foi introduzido pelo ponto de vista de Louis, mas igualmente intenso e complexo nos seus dilemas, na sua oposição entre o profundo amor que sente pela humanidade e a natureza que ele próprio assume como monstruosa.
Mas nem só do protagonista vive a história e é a conjugação entre este estranho vampiro, tão cruel mas tão humano e o mundo e o contexto que o rodeiam que dão a este livro força e envolvência. Os acontecimentos intensamente emotivos aliados à reflexão sobre o que é a vida, a presença ou ausência da força divina, a necessidade imperiosa do mal numa criatura que se alimenta dos mortais (mas que os ama, ainda assim) criam uma história profunda, mas que nunca perde força viciante. E também os outros vampiros, tanto os criados por Lestat como aqueles que o antagonizam, presos a uma forma de vida em tudo diferente da que ele tomou, são, na sua diversidade de natureza, fonte de complexidade nesta história.
Uma leitura fascinante, marcada pela conjugação certa de momentos de acção, reflexão e emoção, e que culmina num ponto tão poderoso da história que é impossível evitar a vontade de prosseguir. Muito, muito bom.

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