segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O Santuário Perdido (Raymond Khoury)

Nápoles, 1749. Raimondo di Sangro confronta o marquês de Montferrat com o conhecimento do seu segredo e a necessidade de o revelar, se quer continuar a viver. Bagdad, 2003. Um laboratório clandestino, local de experiências macabras, é descoberto pelo exército norte-americano. Líbano, 2006. Evelyn Bishop é abordada por um antigo conhecimento de trabalho que tenta vender-lhe um livro antigo. Na capa, a forma do Ouroboros anuncia uma relação com o passado. Mas o livro esconde um mistério maior do que poderia apresentar e são demasiados os que querem o livro. Estando dispostos a tudo para o alcançar.
Pequenos elementos históricos, o amplamente explorado mito da busca dos alquimistas pela juventude eterna e uma situação onde a necessidade de revelar um segredo que poderia mudar o mundo colide com o medo ante as consequências de tal revelação. São estes os pontos base desta intensa aventura, de ritmo quase compulsivo e onde a acção é praticamente constante. Na verdade, se esta já desempenhava um papel importante em Scriptum - O Manuscrito Secreto, o outro romance do autor publicado por cá, neste livro a acção é quase incontornável, sendo menor a contextualização em termos da lenda e dos elementos místicos que estão na base da busca e maior a série de perseguições e confrontos que se vão sucedendo ao longo do enredo.
Os momentos mais cativantes, em termos de desenvolvimento de personagens, são, por isso, os recuos até ao passado, quando o autor faz uma pausa na frenética aventura de Mia Bishop para mostrar um pouco do percurso de Montferrat e Di Sangro, com os seus antagonismos e tentativas frustradas de conseguir cada um os seus objectivos. Acaba por ser esta relação de longa e persistente (mas não exaustivamente detalhada) perseguição de um segredo o aspecto mais envolvente, principalmente se comparado com a relação - que vai sendo insinuada, mas que só na fase final é revelada - entre estes dois homens e as duas forças em conflito da história principal (Kirkwood e o hakeem).
Ainda um aspecto a referir no que toca à estranha oposição entre os dois homens que, ao longo de grande parte do enredo, acompanham o percurso de Mia Bishop. Tanto Corben como Kirkwood têm planos maiores que o que dão a entender e os atritos entre eles, bem como a dificuldade em compreender as suas verdadeiras intenções, dão à história uma nova vitalidade, já que nenhum dos supostos protectores de Mia é tão heróico como seria de esperar neste tipo de livro.
Uma leitura agradável e bastante envolvente, ainda que deixe, por vezes, a sensação de que mais poderia ter sido dito sobre a tão importante busca da juventude eterna que é, no fim de contas, a força que move grande parte dos intervenientes nesta história. Gostei.

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