quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A Maldição do Anel - O Sono do Dragão (Édouard Brasey)

No silêncio da sua gruta, acompanhado pelo seu imenso tesouro e pelo anel amaldiçoado do nibelungo, Fafnir, o dragão, dorme e espera. Espera pelo herói que, segundo as profecias, há-de pôr fim à sua vida. Este herói é Siegfried, o último descendente da linhagem humana de Odin, e o seu percurso será, desde a hora do seu nascimento até à consumação dos seus objectivos, uma estrada de lutas e de aventuras.
Continua neste livro a história iniciada em Os Cânticos da Valquíria, uma história com uma forte base das lendas e mitologias nórdicas, mas que ganha uma vida diferente ao ser transposta para romance. E o autor demora-se a apresentar os cenários e a caracterizar cada um dos intervenientes nos acontecimentos, tanto fisicamente como em termos de personalidade. Isto é particularmente notório, como não poderia deixar de ser, no desenvolvimento do herói. Ainda que não tão cativante como Brunilde (no primeiro volume), Siegfried é dado a conhecer, desde as estranhas circunstâncias do seu nascimento, nas diversas oscilações de personalidade. Com alguns é cruel, com outros impaciente. Por vezes, sábio para lá dos seus anos, outras vezes absolutamente egoísta. E se esta estranheza de carácter dificulta, de certa forma, uma simpatia para com o herói, não deixa de despertar emoções na sua interacção com outras personagens.
Bastante denso e descritivo, dificilmente será um livro de leitura compulsiva. Exige o seu tempo para assimilar as características de locais e personagens, bem como as intrigas e conspirações dos diferentes intervenientes. Porque é também de traição que este livro trata, de uma obsessão incontornável pelo anel amaldiçoado que, no seu fascínio inexplicável, desperta nos que o cobiçam toda uma série de enganos ao longo da sua conduta.
Interessante, com uma história vasta e muito bem construída, ainda que exija algum esforço para acompanhar todos os detalhes do enredo. Cativante, ainda que não tanto quanto a história de Brunilde, uma leitura agradável, em suma. E, principalmente, uma boa história.

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