quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Mago - Aprendiz (Raymond E. Feist)

Crydee é um lugar tranquilo, na fronteira do Reino. É aí que vive Pug, o órfão que tem como grande ambição tornar-se num soldado. Nem tudo correrá como ele deseja, ainda assim, e Pug acabará por ser escolhido como aprendiz do mago Kulgan, pouco tempo antes do surgir de uma poderosa ameaça que poderá abalar a paz do Reino... e que estará na origem de uma longa aventura.
Com uma escrita detalhada e fortemente descritiva, Feist apresenta-nos um mundo complexo e envolvente, tanto no que toca ao sistema hierárquico em si, como às criaturas mágicas e às relações entre elas. Desde coisas tão simples como a Escolha, cuja influência maior será na vida de um grupo de aprendizes, à chegada dos tsurani, uma ameaça capaz de mudar tudo, cada aspecto é apresentado como parte de um universo maior e que, neste primeiro livro, apenas começamos a vislumbrar.
É impossível notar, ao longo da leitura, algumas similaridades com outros mundos de fantasia. A presença de elfos e anões remete-nos de imediato para Tolkien, sendo esta semelhança particularmente evidente no que toca às minas dos anões. Por outro lado, existem alguns pequenos elementos, principalmente numa fase inicial, que evocam, ainda que em menor grau, a série Roda do Tempo, de Robert Jordan. Ainda assim, à medida que o enredo envolve, num ritmo que, ainda que lento, não deixa de ser envolvente face à complexidade do mundo que se apresenta, estas similaridades acabam por passar para segundo plano, à medida que as personagens nos conquistam.
Apesar de uma forte aposta no cenário e numa visão mais global deste universo, do qual ainda temos grandes partes por conhecer, as personagens não perdem força. Na verdade, existem personagens secundárias tão ou mais marcantes como o protagonista, sendo Arutha quem mais me cativou neste primeiro volume.
Ainda duas observações finais. Primeiro, uma nota positiva para a tradução de Cristina Correia que, num livro tão pormenorizadamente descritivo, deverá ter sido um trabalho exaustivo, mas no qual não notei a mínima falha. Outra referência para o prefácio, que foi um elemento que, antes mesmo da história, me puxou para este livro, através da forma breve, mas interessante, como o autor olha para trás, para o momento em que decidiu que queria escrever. Este foi um pequeno aspecto que me tocou de forma especial.
Esta é, pois, em suma, uma história épica e marcante, onde magia e imaginação são uma constante, onde as criaturas mágicas que já conhecemos de outros universos ganham uma vida diferente, num mundo com muito para dar. Gostei muito e fico à espera do volume seguinte.

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