terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Doce Valentine (Adriana Trigiani)

Valentine Roncali é a irmã mais nova numa família italiana a viver na América. É também a aprendiza de Teodora Angelini, sua avó, na sua loja de sapatos de casamento produzidos à mão, a Angelini Shoe Company. Acontece que Teodora já tem oitenta anos e a situação financeira encontra-se bastante delicada. Assim, ao mesmo tempo que conhece e desenvolve uma relação com Roman Falconi, o dono de um restaurante de sucesso, Valentine terá de encontrar uma solução que lhe permita persistir no seu sonho artístico: manter a Angelini Shoes e desenhar e criar sapatos.
Este é o meu primeiro contacto com a escrita desta autora e devo dizer, antes de mais, que foi uma leitura bastante interessante. Num estilo bastante leve, mas não em demasia, a autora conta-nos uma relação romântica, mas sem se centrar demasiado nesse aspecto. Mais que a relação entre Valentine e Roman, existem muitas histórias para explorar: as relações familiares entre os Roncali, a tradição familiar na criação dos sapatos e até a vida invulgarmente agitada de Teodora Angelini. Passado entre a Itália e a América, este é um livro que nunca se perde no exagero romântico e que tem muito para contar.
Como grande ponto forte desta história, eu apontaria a diversidade e a força de carácter das personagens. Por um lado, temos Valentine, com a sua persistência e vontade de realizar o seu sonho, mas sem esconder as suas vulnerabilidades e o seu lado sensível, o que nos leva, de uma forma quase imperceptível, a simpatizar com ela. E, em oposição, temos o irmão Alfred, com o seu temperamento orgulhoso e egoísta e a sua forma irritante de lançar as culpas sobre todos excepto ele, o que o torna num perfeito ódio de estimação.
Aspectos menos bons... Talvez a inconstância da relação entre Valentine e Roman. Fiquei com a impressão de que se afastam e reaproximam com demasiada facilidade. Ainda assim, este é apenas uma entre muitas das histórias que constituem este livro, daí que não me tenha parecido um aspecto demasiado prejudicial.
Outros aspectos que merecem uma referência são a forma clara e fluída com que a autora nos apresenta alguns aspectos mais técnicos do fabrico de sapatos e também algumas descrições de Itália. Podemos imaginar os gestos e o cenário, mas o detalhe nunca chega a cansar. Por último, um aspecto curioso.
Parte da acção refere uma filmagem do filme Lucia, Lucia - que é também um título de Adriana Trigiani. Este aspecto deixou-me com curiosidade de ler também esta obra da autora.
Doce Valentine é, em suma, um livro divertido e descontraído, com uma história envolvente e bastante eficaz no que toca a criar uma ligação entre personagens e leitor. E, se houve alguns aspectos que não me chamaram tanto a atenção, o balanço final desta leitura é claramente positivo e, para quem apreciar um romance descontraído, este será, sem dúvida, um bom livro.

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