sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A Guerra é para os Velhos (John Scalzi)

No dia em que completou setenta e cinco anos, John Perry fez duas coisas. Primeiro, visitou pela última vez o túmulo da mulher. Depois, alistou-se no exército. Não se trata, contudo, de um exército comum mas das Forças de Defesa Colonial que, numa guerra interplanetária, protegem os colonos dos ataques de raças alienígenas. E o que parece ser a promessa de uma nova juventude é, na verdade, uma longa batalha a travar.
Não estava a espera de gostar tanto deste livro, principalmente porque não sou particularmente apreciadora de ficção científica. Apesar disso, este foi um livro que me agarrou desde a primeira página. Cativante, com uma escrita elaborada mas acessível e sem perder, apesar de todos os elementos introduzidos, a sua ligação à componente humana.
A Guerra é para os Velhos apresenta todos os elementos que associamos naturalmente à ficção científica: naves espaciais, alienígenas, tecnologia avançada... E, ainda que inicialmente as partes mais explicativas (nomeadamente no que diz respeito à física), possam parecer um pouco confusas, este aspecto não dificulta a compreensão da história. A linguagem é, na verdade, muito clara e, à medida que acompanhamos o percurso de John Perry, e as ligações que estabelece, é-nos, afinal, muito fácil seguir a sua linha de pensamento, acompanhar as suas emoções e sentir, por momentos, o que seria estar numa situação semelhante, ao mesmo tempo que assimilamos, com facilidade, o mundo invulgar e surpreendente que esta história nos apresenta. E não esquecer os esporádicos momentos de humor dispersos pela história, excelentes, divertidos e uma boa forma de libertar a tensão que, inconscientemente, o enredo vai criando sobre o leitor.
Ainda uma nota muito positiva para a tradução de Luís Filipe Silva. Não tendo consultado o original (pelo que não conheço quais seriam as palavras que deram origem à tradução), há algumas opções de palavras que eu achei simplesmente deliciosas (nomeadamente os monhés e o Estupor) e que transmitem em pleno para a nossa língua a aura divertida dos momentos em que se encontram.
Concluindo: vale bem a pena ler este livro, mesmo para quem, como eu, não é particularmente apreciador do género. Quem sabe não muda opiniões? Depois deste livro, eu fiquei com vontade de explorar melhor o que a ficção científica tem para oferecer.

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